Investing.com — O banco de investimentos Jefferies divulgaram na quinta-feira, 3, um relatório em que discutem se o aquecimento global decorrente das mudanças climáticas está acelerando.
Com base em discussões com especialistas em clima, o Jefferies observa que há evidências de aceleração do aquecimento, embora a magnitude dependa das escalas de tempo consideradas.
As emissões globais de combustíveis fósseis quadruplicaram nos últimos 60 anos, passando de cerca de 22 GtCO2 por ano para aproximadamente 40 GtCO2 após a década de 2010, acelerando o aquecimento do planeta.
Enquanto isso, sistemas naturais, como os sumidouros de carbono em terra e nos oceanos, ainda estão absorvendo uma grande parte das emissões, mas sua eficiência parece estar diminuindo. Esses sistemas ainda absorvem cerca de 55% das emissões, mas sua capacidade de acompanhar o aumento das concentrações de CO2 na atmosfera está enfraquecendo.
Um dos pontos-chave destacados no relatório é a relação direta entre as emissões acumuladas de CO2 e o aumento da temperatura, que é evidente em Modelos do Sistema Terrestre. Nas taxas de emissão atuais, o orçamento de carbono restante para limitar o aquecimento a 1,5°C é de aproximadamente sete anos, restando apenas 28 anos para o limite de 2°C. Os dados sugerem que o mundo enfrenta um prazo apertado para limitar o aquecimento.
A aceleração do aquecimento, medida por alguns cientistas, mostra uma taxa de 0,18°C por década entre 1970 e 2010, aumentando para pelo menos 0,27°C por década após 2010. Ainda assim, o argumento de aceleração se torna mais convincente quando se comparam longos períodos, como de 1880-2010 versus 2011-2023.
Períodos mais curtos de 20 anos, como de 1970-1989 versus 2004-2023, mostram menos evidências de aceleração, sugerindo que as conclusões sobre as tendências de aquecimento podem variar conforme o período analisado.
Os aerossóis de sulfato, que historicamente tiveram um efeito de resfriamento ao refletirem a radiação solar, foram reduzidos por medidas regulatórias devido aos seus efeitos nocivos à saúde. Segundo os especialistas, essa redução também pode estar contribuindo para a aceleração.
“Com menos aerossóis, há menos resfriamento, e isso também pode estar contribuindo para a aceleração do aquecimento”, afirma o banco na nota.
Se o aquecimento global continuará acelerando dependerá em grande parte de como as emissões serão geridas no futuro.
Estratégias de remoção de carbono, como Captura Direta de Ar (DAC) e Bioenergia com Captura e Armazenamento de Carbono (BECCS), estão ganhando atenção como soluções potenciais para ajudar a reduzir o aquecimento futuro. No entanto, sem mudanças substanciais nos níveis de emissão, o aquecimento—e seus impactos associados—provavelmente persistirão.
“Se a taxa de aquecimento continuará a aumentar ou não dependerá de nossa capacidade de mitigar as emissões. Enquanto as emissões continuarem a crescer, as mudanças climáticas seguirão com impactos crescentes e maior necessidade de adaptação”, conclui o relatório.