Por Andrea Shalal
WASHINGTON (Reuters) - Os governos precisam direcionar apoio fiscal às populações vulneráveis mais atingidas pelo aumento dos preços de energia e alimentos, e que agora enfrentam crescente insegurança alimentar como resultado da guerra da Rússia na Ucrânia, disse o Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta quarta-feira.
Os preços mais altos de alimentos e energia ampliaram os riscos de agitação social, especialmente em países de baixa renda que já encaram altos níveis de dívida após a pandemia de Covid-19 e agora enfrentam custos de empréstimos mais altos em meio a aumentos das taxas de juros, disse o FMI em seu último relatório sobre evolução fiscal global.
"O governo agindo em seu papel especial de proteger os vulneráveis quando as coisas desmoronam ajuda bastante a manter a coesão social", disse à Reuters o diretor de Assuntos Fiscais do FMI, Vitor Gaspar.
Gaspar afirmou que há amplas evidências de que crises financeiras, pandemias e preços voláteis ou em alta podem exacerbar divisões e conflitos, e a política fiscal tem um papel importante a desempenhar para lidar com essas preocupações.
"É imperativo absoluto que as políticas públicas em todos os lugares forneçam segurança alimentar para todos", disse ele, defendendo medidas específicas e temporárias, como transferências de dinheiro, em vez de subsídios mais amplos e generalizados que podem ser caros.
As medidas tomadas por muitos países para limitar o aumento dos preços domésticos também podem exacerbar os descompassos globais entre oferta e demanda, elevando ainda mais os preços.
Gaspar disse que as famílias pobres gastam até 60% de seus orçamentos em alimentos, em comparação com apenas 10% gastos por uma família de classe média nas economias avançadas.