Por Gabriel Ponte
BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, apontou nesta quinta-feira que o governo brasileiro precisa criar condições para que haja uma maior abertura de postos de trabalho na atividade econômica, e voltou a mencionar a desoneração da mão de obra como uma das possíveis soluções.
Guedes, que participou de Fórum da Cadeia de Abastecimento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), também afirmou que o governo precisa apoiar tanto o abastecimento, como também a compra pela pequena agricultura familiar, sob o lado da produção alimentícia.
"E, para isso, é preciso ter mão de obra barata. O Brasil tem uma arma de destruição em massa de empregos, que são os encargos sociais e trabalhistas, nós precisamos atacar isso", afirmou o ministro em sua participação remota.
Ele também classificou o governo como uma "equipe muito unida", que trabalha para tentar manter a cadeia produtiva funcionando.
DESAFIOS
Em sua participação em painel, Guedes ainda elegeu a rastreabilidade, sanidade e combate ao desperdício como os principais desafios que o país terá de enfrentar para tornar-se "celeiro do mundo", sob o aspecto da produção e exportação de produtos alimentícios.
"Não pode o celeiro do mundo ser o país onde há fome. Do nosso lado, temos que fazer políticas sociais que permitam que os mais frágeis e vulneráveis sejam incorporados na cadeia produtiva ou amparados socialmente, mas de qualquer forma notamos desperdício no Brasil não só desde a produção, mas até chegar ao nosso supermercado e até chegar às nossas mesas."
Guedes também afirmou que os marcos regulatórios que o governo quer modernizar, passando por ferrovias à cabotagem, serão responsáveis por permitirem ao país tornar-se "celeiro do mundo". "Nós precisamos transportar todo esse excesso de produção, que teremos, para os países mais distantes."
PROGRAMAS SOCIAIS
Falando previamente no mesmo evento, o ministro da Cidadania, João Roma, também afirmou que o governo apresentará, "em um curto intervalo de tempo", um fortalecimento de seus programas sociais, que têm contribuído no enfrentamento à pandemia da Covid-19 e no aquecimento da atividade econômica.
"Visamos, inclusive, nesse novo programa social fortalecer esse quesito da aquisição de alimentos, mas também na produção e efetiva distribuição de alimentos de forma capilar", detalhou Roma.
Já Guedes, em suas falas, também pontuou que o país já possui a matriz energética "mais limpa do mundo", mas, para mantê-la, faz-se necessária a rastreabilidade, garantindo a checagem da sanidade e a preservação do que classificou como "universo verde" sob o aspecto da produção.
"Eu adicionaria energia e infraestrutura como necessidades econômicas, também, para que seja possível aumentar essa produção e, ao mesmo tempo, aumentar o escoamento do campo para as cidades", complementou.
O ministro também destacou que, em meio à pandemia da Covid-19, a agricultura "preservou os sinais vitais" da economia doméstica, ressaltando a exportação para países asiáticos, com crescimento de 40%, principalmente para a China.
"Você vê que nós precisamos, realmente, dessa infraestrutura e de toda essa capacidade logística de levar nossa produção para o resto do mundo. Sofremos um impacto relativamente pequeno dessa quebra de cadeias produtivas globais durante a pandemia porque a nossa vantagem comparativa estava na agricultura", disse, destacando que o país estava pouco integrado industrialmente.