Por Bernardo Caram
BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil é contra a guerra entre Rússia e Ucrânia e é contrário às sanções econômicas geradas pelo conflito, disse nesta terça-feira o ministro da Economia, Paulo Guedes, ressaltando que o país também se opõe a uma expulsão dos russos do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Em evento do Center for Strategic and International Studies (CSIS) durante viagem aos Estados Unidos, Guedes afirmou que o Brasil é a favor da construção de pontes de diálogo para convencer a Rússia a encerrar o conflito, acabando também com as sanções econômicas.
O ministro justificou que a Constituição brasileira não permite que o país apoie sanções que não tenham sido decididas pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Perguntado sobre se o Brasil eventualmente seria um caminho para a Rússia driblar as sanções, Guedes respondeu que "não colocaria dessa forma", antes de ponderar que o Brasil faz parte do Brics (grupo com Rússia, Índia, China e África do Sul), mas não é membro da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
"Nós somos contra a guerra e contra as consequências econômicas da guerra, que são as sanções", disse.
No evento, Guedes afirmou que a visita do presidente Jair Bolsonaro ao presidente russo Vladimir Putin, dias antes do início da guerra, foi feita "em timing não apropriado", mas ponderou que o Brasil votou em reuniões da ONU para condenar a Rússia.
"O Brasíl disse claramente não à guerra", afirmou.
De acordo com Guedes, as regras do FMI não permitem a expulsão da Rússia. Para ele, uma iniciativa desse tipo estimularia uma embate econômico ainda maior.
"A única razão pela qual devo preservar a ponte (com a Rússia) é para convencê-los a cessar fogo. Se você os expulsa, você está estimulando a guerra econômica", disse.
Na última semana, Guedes recebeu uma carta do ministro das Finanças da Rússia, Anton Siluanov, com pedido de apoio do governo brasileiro no FMI, no Banco Mundial e no G20 após o país europeu sofrer sanções por nações ocidentais diante do conflito com a Ucrânia.
No seminário, o ministro disse que chegou o momento de o Brasil ser aceito como membro da OCDE, além de defender a formalização do acordo entre União Europeia e Mercosul. Para ele, o Brasil é parte da solução para demandas energéticas e alimentares do mundo.
"Se não fizermos algo agora, o acordo com União Europeia e a entrada na OCDE, estamos sendo empurrados em outra direção, temos outras opções, estamos vendendo mais para o Oriente Médio, Sudeste Asiático, China", afirmou.
Guedes ainda voltou a dizer que bancos centrais dos Estados Unidos e da Europa estão atrás da curva de juros e que o Brasil já se movimentou para enfrentar a alta de preços. Para ele, a inflação brasileira cairá mais rápido do que em economias avançadas.
(Por Bernardo Caram)