Por Noah Browning
LONDRES (Reuters) - A demanda por petróleo já está ultrapassando a oferta e essa diferença deve aumentar mesmo que o Irã aumente exportações, uma vez que as vacinas contra a Covid-19 estão impulsionando a economia global, disse a Agência Internacional de Energia (IEA) nesta quarta-feira.
"O crescimento esperado para a oferta no restante do ano não chega perto de nossa projeção para o significativo fortalecimento da demanda a partir do segundo trimestre", disse a IEA em relatório mensal, citando o aumento do bombeamento por países da Opep+.
A produção Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus aliados incluindo a Rússia, conhecidos como Opep+, ficou atrás da demanda em cerca de 150 mil barris por dia (bpd) no segundo trimestre, segundo a IEA.
Essa diferença entre oferta e demanda deve aumentar para 2,5 milhões de bpd ao final do ano, disse a agência com sede em Paris.
Os produtores da Opep+ têm cortado oferta desde 2017, mas passaram a aumentar gradualmente a produção depois de cortes recorde no ano passado, com uma maior flexibilização já acertada para este mês.
"O aumento da diferença entre a oferta e a demanda abre caminho para um relaxamento adicional nos cortes de oferta da Opep+ ou mesmo para maiores reduções de estoque", disse a IEA, destacando que o armazenamento de petróleo caiu para perto da média de cinco anos depois de ter disparado em meio à pandemia.
Fazer com que os estoques voltassem à média de cinco anos era um dos objetivos dos cortes da Opep+, que também miravam apoiar os preços da commodity.
Uma possível reentrada total do Irã no mercado de petróleo, se negociações indiretas entre os EUA e o país sobre seu antigo acordo nuclear forem bem-sucedidas, ainda deixaria a produção dos países da Opep+ 1,7 milhão de bpd abaixo da demanda, acrescentou a IEA.
A recuperação da produção fora da Opep+ tem sido mais lenta do que a IEA esperava, pois a crise do coronavírus atrasou projetos no Brasil e no Golfo do México e dificultou atividades de manutenção no Canadá.
Novas ondas de infecções no Brasil e na Tailândia, e até mesmo na Índia-- o terceiro maior consumidor de petróleo do mundo, que tem registrado casos recordes --ainda não foram suficientes para inviabilizar essa tendência de recuperação do mercado, mas podem continuar a afetar o setor, apontou a agência.
"A crise Covid da Índia é um lembrete de que as perspectivas para a demanda por petróleo estão cheias de incertezas. Até que a pandemia seja controlada, a volatilidade do mercado provavelmente persistirá."