Por Sakura Murakami e Elaine Lies
TÓQUIO (Reuters) - O Japão gastará 1,83 milhão de dólares em um funeral de Estado para o ex-líder Shinzo Abe, disse o governo nesta sexta-feira, apesar da crescente oposição de uma população irritada com as revelações dos laços do partido governista com a Igreja da Unificação.
Abe, o primeiro-ministro japonês mais longevo no cargo mas divisivo, foi morto a tiros em um comício eleitoral em 8 de julho e, embora os serviços funerários tenham sido realizados logo depois, o Japão decidiu fazer um funeral de Estado na arena Nippon Budokan, em Tóquio, em 27 de setembro.
O governo do primeiro-ministro Fumio Kishida, um protegido de Abe, decidiu que o funeral será pago exclusivamente com recursos do Estado.
Mas pesquisas de opinião mostram uma oposição persistente à ideia. Na mais recente, publicada no domingo, 53% dos entrevistados foram contra um funeral de Estado.
A população ficou irritada com as revelações de laços entre o partido governista e a Igreja da Unificação, que a grande maioria dos entrevistados nas pesquisas de opinião considera que não foram totalmente explicadas e se tornaram uma grande dor de cabeça para Kishida, diminuindo seu apoio.
A igreja, fundada na Coreia do Sul na década de 1950 e famosa por seus casamentos em massa, tem enfrentado ao longo dos anos dúvidas sobre como solicita doações.
O suposto assassino de Abe, preso no local momentos após o tiroteio, guardava rancor contra a igreja, alegando que ela levou sua mãe à falência, e culpava Abe por promovê-la, de acordo com suas postagens nas mídias sociais e reportagens.