Por Huw Jones e John McCrank
LONDRES/NOVA YORK (Reuters) - Banqueiros e reguladores estarão de olho em suas telas na véspera de Ano Novo para ver se o que antes era tido como o número mais importante do mundo entrará para os livros de história sem grandes problemas.
A taxa interbancária de Londres, conhecida como Libor, será finalmente desativada, encerrando seu papel na precificação de derivativos e empréstimos que vão desde hipotecas e empréstimos estudantis ao financiamento de empresas e cartões de crédito, abarcando um total de 265 trilhões de dólares globalmente até o início de 2021.
A taxa está sendo descartada uma década após bancos serem pegos tentando manipulá-la, no que será a maior mudança nos mercados internacionais desde a introdução do euro, em 1999.
Seu encerramento para novos negócios, em 31 de dezembro, está sendo comparado por banqueiros ao "Y2K", código de computador que gerou temores de possível caos nos sistemas informatizados em todo o mundo nas primeiras horas do novo milênio, em 1º de janeiro de 2000.
Os bancos já gastaram cerca de 10 bilhões de dólares nos preparativos para o fim da Libor, de acordo com uma estimativa da consultoria Oliver Wyman.
O "bug" do milênio, no final, acabou gerando poucos incidentes relevantes, mas os reguladores não vão se arriscar com a Libor, enquanto os bancos estão ocupados testando seus sistemas.
"Estarei em minha mesa durante os feriados de Natal e Ano Novo e sei que outras pessoas estarão lá só por precaução", disse à Reuters Edwin Schooling Latter, diretor de mercados da Autoridade de Conduta Financeira do Reino Unido.
Muitos mercados de derivativos baseados na Libor já adotaram novas taxas de referência para suas operações sem grandes perturbações. Órgãos supervisores, no entanto, alertaram que pode haver falhas em alguns mercados de empréstimos, especialmente se os mutuários não receberam os alertas sobre a mudança, e o impacto da transição pode não ser sentido totalmente até mais tarde em janeiro.
A Libor está sendo substituída por taxas estabelecidas por bancos centrais, como o Federal Reserve (EUA), o Banco da Inglaterra e o Banco Central Europeu.