Por Lisandra Paraguassu e Bernardo Caram
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta sexta-feira os primeiros nomes de ministros do governo que tomará posse em 1º de janeiro e confirmou o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad à frente do Ministério da Fazenda, o ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU) José Múcio Monteiro no comando da Defesa e o ex-chanceler Mauro Vieira voltando a chefiar a pasta de Relações Exteriores.
Lula anunciou também que o ex-governador do Maranhão Flávio Dino será o seu ministro da Justiça e que o atual governador da Bahia, Rui Costa, será chefe da Casa Civil da futura gestão.
Um dos nomes mais próximos a Lula dentro do PT, Haddad foi candidato à Presidência em 2018, quando Lula não pôde concorrer devido à Lei da Ficha Limpa. Neste ano, disputou o governo de São Paulo, mas foi derrotado em segundo turno por Tarcísio de Freitas, apoiado pelo atual presidente Jair Bolsonaro.
A possibilidade de Haddad assumir o comando da economia na gestão Lula foi recebida com desconfiança no mercado financeiro e uma das missões que ele terá à frente da pasta será quebrar essa resistência, além de enfrentar um cenário interno e externo desafiador na economia.
Já Múcio, elogiado por todos espectros da política por sua capacidade de diálogo e articulação, é bem visto dentro das Forças Armadas e a facilidade que ele tem de transitar entre todas as áreas do governo e da política devem ser um ativo para Lula, em um momento de tensões na caserna após os militares ocuparem vários espaços tradicionalmente civis no governo do atual presidente Jair Bolsonaro.
Com o anúncio de Múcio, o comando da pasta da Defesa voltará a mãos civis após quase cinco anos, período iniciado no governo Michel Temer e no qual cinco generais do Exército comandaram o ministério.
Vieira, por sua vez, foi o último chanceler do governo Dilma Rousseff, entre 2015 e 2016, e já chefiou as principais missões diplomáticas do Brasil no exterior, como as embaixadas na Argentina e nos Estados Unidos e a representação do país na Organização das Nações Unidas (ONU).
Dino é ex-juiz federal e coordenou a área de Justiça e Segurança Pública na transição de governo, quando defendeu revogar decretos do atual governo que facilitam acesso a armas, além de reverter a ampliação dos poderes da Polícia Rodoviária Federal. Dino também defende um maior rigor no combate aos crimes ambientais, especialmente na Amazônia.
Costa, governador da Bahia por dois mandatos, costuma se colocar como um bom gestor, e pode ficar à frente de um novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que Lula disse na campanha eleitoral que pretende reeditar.