SÃO PAULO (Reuters) -O presidente Luiz Inácio Lula da Silva minimizou nesta quinta-feira as mudanças aprovadas por comissão do Congresso Nacional na estrutura da administração do governo, dizendo que "começou o jogo" e o governo irá negociar com os parlamentares.
Lula convocou uma reunião na sexta-feira com as ministras do Meio Ambiente, Marina Silva, e dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, além dos ministros palacianos e dos líderes do governo no Congresso, para discutir o que pode ser feito daqui para frente sobre o tema.
Duas fontes disseram à Reuters que o Palácio do Planalto ainda tenta negociar no Congresso mudanças na medida provisória que retirou poderes dos ministérios do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas, mas não considera uma reação judicial contra o formato final que os parlamentares deram aos ministérios.
Em discurso durante evento na sede da Fiesp para marcar o Dia da Indústria, Lula minimizou a crise, dizendo que o que está ocorrendo é "a coisa mais normal".
"Até então a gente estava mandando a visão de governo que nós queríamos. A comissão no Congresso Nacional resolveu mexer, coisa que é quase que impossível de mexer na estrutura de um governo, que é o governo que faz. Agora começou o jogo, nós vamos jogar, conversar com o Congresso, e vamos fazer a governança daquilo que precisamos fazer. O que não podemos é se assustar com a política", afirmou.
A decisão da comissão do Congresso tem sido duramente criticada pela ministra Marina Silva, que mais cedo nesta quinta-feira disse que parte do Congresso não aceita a vitória de Lula nas urnas e tem oferecido resistências às iniciativas do governo para colocar em prática sua agenda.
O texto aprovado na comissão propõe, entre outras coisas, que a Agência Nacional de Águas (ANA), órgão responsável por regular questões de saneamento básico, deixe de ser vinculado à pasta do Meio Ambiente e passe para o guarda-chuva do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional.
Além disso, retira do Ministério dos Povos Indígenas as competências para promover o reconhecimento e a demarcação de terras indígenas, deslocando-as para o Ministério da Justiça.
(Por Fabrício de CastroTexto de André RomaniEdição de Pedro Fonseca)