Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA, (Reuters) - Em uma reunião ministerial de mais de nove horas nesta quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou para cobrar de todos os seus ministros que concluam as nomeações negociadas pela articulação política do governo "o mais breve possível", informou o chefe da Casa Civil, Rui Costa.
Segundo o ministro da Casa Civil, Lula fez o apelo para que a equipe atue de forma transversal para efetivar os acordos selados pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, com o Congresso, e incluiu no pedido que os integrantes da Esplanada também contribuam para a comunicação do governo.
"O presidente reiterou para que todos apoiem, ajudem o ministro Padilha a materializar, cumprir os compromissos que ele assumiu, uma vez que tem uma quantidade de cargos que foram indicados na negociação da composição do governo e os ministérios referentes a essas indicações ainda não colocaram no sistema essas indicações", disse Costa após a reunião que durou o dia todo
"O presidente fez o pedido para que isso seja feito o mais breve possível."
O ministro da Casa Civil comparou a fala do presidente à de um "um treinador que quer fazer com que o time jogue entrosado".
Segundo duas fontes, o assunto foi abordado pelo próprio Padilha na reunião, pedindo também aos colegas que se dedicassem a uma relação melhor com os parlamentares, um dos motivos de insatisfação do Congresso com o governo.
Um dos primeiros a falar, Padilha apresentou um levantamento de 400 cargos que já tiveram nomes negociados, aprovados e enviados aos ministérios -- alguns há três meses -- e não tiveram as nomeações encaminhadas à Casa Civil para que sejam efetivadas.
Em sua fala, o ministro destacou que a Esplanada dos Ministérios está recheada de "pesos pesados da política", tem um "Pelé" à frente do governo, mas o governo está sendo visto como avesso ao Congresso, algo contraditório ao que Lula defende, por não estar abrindo espaço aos pedidos dos parlamentares.
A falta de nomeações tem sido uma das principais queixas dos deputados e senadores, e levam a um desgaste do governo com o Parlamento -- principalmente de Padilha, que faz essa relação direta e recebe os pedidos. O ministro tem sido extremamente criticado, especialmente pelo presidente da Câmara, Arthur Lira.
Os números já haviam sido levados ao presidente e o próprio Lula havia ordenado que as nomeações fossem liberadas. Em muitos casos, no entanto, há resistência de ministros, que não querem nomes de outros partidos nas suas pastas ou em autarquias que respondem para seus ministérios.
Padilha cobrou ainda que os ministros abram suas agendas para os parlamentares, para recebê-los em seus gabinetes e também para participar de lançamentos e inaugurações, como forma de melhorar a relação.
JUROS
Em sua fala, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou a taxa de juros praticada pelo Banco Central e afirmou que o órgão tem estado alienado do resto do país, praticando a mesma taxa de juros -- 13,75% -- há um ano, mesmo com a alteração do cenário econômico.
Outros ministros secundaram a avaliação, com Jader Filho, ministro das Cidades, brincando que se Haddad e Simone Tebet estão vocalizando em público a cobrança ao BC é porque a mobilização contra os juros realmente ganhou o país.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu; Reportagem adicional de Maria Carolina Marcello)