SÃO PAULO (Reuters) - O setor de transporte rodoviário do Brasil voltou a ficar mais pessimista com futuro do valor do frete que pode ser cobrado dos clientes, enquanto o diesel, principal custo dos caminhoneiros, segue com valores elevados, de acordo com avaliação da associação NTC&Logística, que divulgou nesta quinta-feira uma pesquisa junto aos seus filiados.
Para 41% dos 324 empresários do setor ouvidos, o valor do frete vai piorar, enquanto nos últimos dois levantamentos semestrais a parcela mais pessimista era de pouco mais de um terço dos entrevistados.
A sondagem ainda apontou que 33% acreditam em uma estabilidade do frete e 27% esperam uma melhora, com o setor tentando repassar os custos maiores, que não se limitam somente ao diesel, mas incluem gastos com mão de obra e com os veículos.
"Mais uma vez, alertamos aos transportadores e aos embarcadores que acertem o repasse destes valores que, infelizmente, são muitos e altos, para que seja mantido o equilíbrio do mercado do transporte rodoviário de carga", disse o presidente da NTC&Logística, Francisco Pelucio, à Reuters.
A sondagem foi divulgada no mesmo dia em que a Petrobras (BVMF:PETR4) anunciou a primeira redução no preço do diesel em mais de um ano, seguindo as cotações de petróleo, que vêm caindo devido a preocupações com uma recessão global.
Ainda assim, após a redução, o combustível mais vendido do Brasil será comercializado nas refinarias da Petrobras pelo dobro do valor visto em 1º de maio de 2021, quando a empresa havia feito a última redução.
Desde que entraram em vigor as mais recentes desonerações tributárias, ao final de junho, o valor do diesel recuou apenas 2% nos postos, segundo pesquisa da ANP.
As reduções de impostos tiveram maior efeito para gasolina, cujas alíquotas do ICMS eram maiores que o teto estabelecido de 18% pela lei, diferentemente das do diesel, que eram menores, o que limitou o efeito da desoneração.
O presidente da NTC disse que o setor vê com "bastante preocupação" a situação do diesel, "uma vez que as reduções informadas não atingiram ainda o segmento".
Ele defendeu maior previsibilidade do aumento do diesel para que as empresas possam se programar.
A pesquisa apontou ainda que 45% dos integrantes do setor disseram estar "pior do que antes", versus patamar de 38% em janeiro. Dos entrevistados, 55% disseram que recebem abaixo do custo NTC, enquanto 19% tiveram diminuição do faturamento.
A associação ainda estimou uma defasagem média de 13,8% no valor do frete rodoviário, diante de custos crescentes, uma vez que os reajustes médios apurados na pesquisa semestral foram de 6,5%, índice relativamente baixo para fazer frente à variação do diesel, que subiu muito mais.
(Por Roberto Samora)