Por Nayara Figueiredo
SÃO PAULO (Reuters) - O porto de Santos teve lucro líquido de 135,2 milhões de reais no primeiro trimestre, alta de 91% ante igual período do ano anterior e um recorde, puxado pelo aumento na movimentação de cargas agrícolas, informou a Santos Port Authority (SPA) nesta sexta-feira.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado somou 217 milhões de reais, crescimento de 55,4% no comparativo anual.
Já a receita líquida operacional atingiu 312,96 milhões de reais, avanço de 23,6% no mesmo intervalo.
"O desempenho foi favorecido pelo aumento na movimentação de cargas, que também foi recorde para o período", disse à Reuters o diretor presidente da SPA, Fernando Biral.
"A gente não parou em nenhum dia durante a pandemia", acrescentou.
A movimentação de cargas no trimestre cresceu 9,6% em relação aos três primeiros meses de 2021, para 38,67 milhões de toneladas.
Segundo a companhia, o principal destaque foi o incremento de 17% na movimentação de granéis sólidos, em especial soja e milho. As movimentações de carga geral e granéis líquidos também apresentaram crescimento de respectivos 3% e 2,9%.
Do total, os granéis sólidos representaram 50,5% das cargas movimentadas pela unidade portuária no trimestre, de acordo com os dados. A SPA também informou que 71,6% das cargas totais movimentadas no período foram para exportação.
O desempenho ocorreu durante o período de escoamento da safra agrícola de 2021/22 que, apesar de ter sido afetada por uma seca na região Sul do país, teve forte desempenho de exportação nos primeiros meses do ano, como fevereiro e março.
"Temos um market share muito importante em produtos agrícolas. Temos uma participação muito grande nas commodities... O que a gente vê como drivers de crescimento para o futuro (do porto) é a continuidade de crescimento no agronegócio", disse o presidente.
Questionado sobre os efeitos do lockdown na China, maior comprador de importantes produtos agropecuários do Brasil como soja e carne bovina, o presidente da SPA disse que ainda não foi percebida nenhuma mudança, principalmente na disponibilidade de contêineres.
"Se a crise se estender por muito tempo, vamos sentir mas a gente ainda não sentiu", comentou.
"De uma forma ou de outra acreditamos nas mudanças de locais de abastecimento. Essa demanda que existe no Brasil por produtos importados vai ser suprida de outras formas, alguma nova rota vai ser aberta", afirmou, citando que os importadores devem buscar alternativas caso a crise portuária se agrave na China.
Ele ainda ressaltou que o porto possui uma posição privilegiada para acessar o sudeste asiático, o que melhora sua competitividade em relação às demais unidades portuárias do país.
PROJEÇÕES
O diretor de Administração e Finanças da SPA, Marcus Mingoni, acrescentou que a movimentação de cargas cresce cerca de 5% ao ano, mas para 2022 a expectativa é de um aumento de 6%.
Para o lucro líquido, a expectativa é alcançar 500 milhões de reais, afirmou o executivo.
"Depois de muito trabalho, a saúde financeira da empresa está transformada... Estamos em um outro patamar de governança e resultados", comentou.
Biral também disse que a economia brasileira ainda é considerada fechada em termos de importação, o que tende a mudar com o passar do tempo e à medida que as trocas comerciais avançarem com outros países, o porto de Santos conseguiria elevar seu potencial de crescimento.
A SPA é uma empresa pública vinculada ao Ministério da Infraestrutura (Minfra), em processo corrente de desestatização, cujo projeto foi apresentado para consulta pública entre janeiro e março de 2022 e segue para etapa final de análise pelo Tribunal de Contas da União (TCU), com certame previsto para o quarto trimestre.