BRASÍLIA (Reuters) -A caderneta de poupança registrou novo saque líquido recorde para o mês em julho, de 12,663 bilhões de reais, em meio a um aperto monetário agressivo que reduz a competitividade da aplicação frente a outros investimentos, mostraram dados do Banco Central nesta quinta-feira.
No ano, a poupança já perdeu 63,152 bilhões de reais, maior valor nominal para o período da série do BC, com início em janeiro de 1995.
Os saques superaram em 11,611 bilhões de reais os depósitos no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) em julho. Já na poupança rural, as saídas líquidas foram de 1,052 bilhão de reais.
Depois de ingressos recordes em 2020, com o pagamento do auxílio emergencial a famílias de baixa renda na pandemia e o nível baixo da taxa básica de juros, o fluxo de recursos na poupança apresentou uma reversão de sentido em 2021, tendência que ganhou força este ano.
Sem repasses sociais emergenciais e diante de um cenário econômico adverso para as famílias e das altas sucessivas de juros pelo BC para segurar a inflação, a poupança vem acumulando retiradas significativas. Os saques registrados até agora no ano já superam em muito os 35,5 bilhões de reais resgatados em todo o ano de 2021.
Com os juros básicos da economia acima de 8,5% ao ano (a Selic está agora em 13,75%), os depósitos na poupança voltaram a ter rendimento fixo de 0,5%, ou 6,17% ao ano nominal, acrescido da taxa referencial (TR), que é próxima de zero. Isso deixa a remuneração mais baixa do que outros investimentos de renda fixa e inferior à inflação, que acumula alta de mais de 11% em 12 meses.
(Por Isabel Versiani; edição de Luana Maria Benedito)