WASHINGTON (Reuters) - Desde que iniciou seu atual ciclo de aumentos de juros este ano, o Federal Reserve tenta informar os investidores com antecedência para onde vão os juros nos Estados Unidos e a magnitude de cada elevação.
E apesar de alguns obstáculos, incluindo o que analistas dizem ter sido uma mudança de planos de última hora, mas bem-sucedida, antes da reunião de junho, o chair do Fed, Jerome Powell, não deve abandonar esses esforços.
O Fed e outros bancos centrais há muito usam essa sinalização - conhecida como orientação futura em seu vocabulário - para definir expectativas sobre a trajetória da política monetária para ajudar a criar as condições financeiras favoráveis a sua meta. Ao sair da crise financeira entre 2007 e 2009, por exemplo, o Fed estabeleceu uma orientação de longo prazo que garantiu que os juros não subissem por anos.
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Mas a inflação mais alta em uma geração forçou mudanças nisso - em particular, encurtando o horizonte sobre o qual eles podem se comprometer com certas ações.
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"É um cenário muito difícil tentar dar orientações com 60, 90 dias de antecedência", disse Powell em entrevista coletiva após a reunião de maio. "Há tantas coisas que podem acontecer na economia e em todo o mundo. Então, estamos deixando espaço para analisar os dados e tomar uma decisão quando chegarmos lá."
De fato, outros bancos centrais estão enfrentando desafios semelhantes e estão respondendo de novas maneiras. O Banco Central Europeu elevou os juros na semana passada mais do que havia prometido em sua reunião anterior e não forneceu orientação para o tamanho do aumento do próximo mês.
O Banco do Canadá optou por um aumento inesperado no custo de empréstimo de um ponto percentual no início deste mês, sem dizer uma palavra antecipadamente.
Mas, conforme o chefe do banco central mais importante do mundo enfrenta agora a maior série de aperto monetário em décadas, Powell tem interesse especial em garantir que os mercados não subestimem ou superestimem o que está por vir, dizem analistas.
Nesta terça-feira, membros do banco central dos EUA iniciam uma reunião de dois dias na qual devem ratificar um aumento de 0,75 ponto percentual, o maior de dois aumentos possíveis que Powell indicou semanas atrás que estavam sendo considerados.
E apesar da incerteza sobre quais serão os dados sobre inflação e emprego nos próximos dois meses, analistas esperam que Powell também apresente alguns parâmetros em torno da decisão de aumento de juros em setembro.
(Reportagem de Ann Saphir)