Por David Morgan
WASHINGTON (Reuters) - O presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Mike Johnson, deve avançar neste fim de semana com um projeto de lei de ajuda de 95 bilhões de dólares para Ucrânia, Israel e outros aliados, apesar de uma série de protestos de seus colegas republicanos que pode levar a uma tentativa de destituí-lo do cargo.
A legislação é a mais recente de uma série de medidas bipartidárias que Johnson tem ajudado a aprovar no Congresso, incluindo dois projetos de lei de gastos maciços e uma controversa reautorização de programas federais de vigilância.
O desempenho dele, seis meses depois que o republicano da Louisiana adquiriu o martelo de presidente da Câmara, tem lhe rendido elogios de colegas centristas que se preocupam com o fato de que as disputas internas do partido poderiam corroer o status dos EUA no cenário mundial.
Johnson foi eleito presidente da Câmara depois que um pequeno grupo de republicanos extremistas expulsou seu antecessor, Kevin McCarthy, em uma ação que paralisou a Câmara por semanas.
"Ele tem demonstrado uma coragem tremenda", disse o deputado republicano Brian Fitzpatrick à Reuters. "Ele não está permitindo que o barulho o afete."
A expectativa é que Câmara vote já no sábado a legislação de ajuda que fornece 61 bilhões de dólares para o conflito na Ucrânia, incluindo 23 bilhões para o reabastecimento de armas, estoques e instalações dos EUA; 26 bilhões de dólares para Israel, incluindo 9,1 bilhões para necessidades humanitárias, e 8,12 bilhões de dólares para o Indo-Pacífico.
Os republicanos detêm uma estreita maioria de 218 a 213 assentos na Câmara, uma margem tão escassa que o deputado republicano Mike Gallagher adiou sua aposentadoria, originalmente marcada para esta sexta-feira, para que possa estar presente e votar a favor do projeto.
Johnson tem contado rotineiramente com os votos democratas para aprovar projetos desde que se tornou presidente da Câmara, e espera-se que ele faça isso novamente no sábado.
Na semana passada, o líder da Câmara recebeu o apoio fundamental do ex-presidente Donald Trump, candidato presidencial republicano, que disse ser "lamentável" que os membros buscassem a destituição de Johnson "porque agora temos problemas muito maiores".
Mas, apesar do apoio de Trump, Johnson enfrenta uma ameaça crescente de destituição por parte de republicanos extremistas, que se opõem à ajuda para a Ucrânia, favorecem restrições nas fronteiras e cortes profundos nos gastos e querem restringir os poderes de vigilância do governo federal para proteger os cidadãos norte-americanos.
Por sua vez, alguns democratas indicaram que poderiam considerar a possibilidade de fornecer votos para defender a liderança de Johnson se ele conseguir transferir ajuda à Ucrânia.
O próprio Johnson tem rejeitado a ameaça de destituição, dizendo que nunca conseguiria realizar seu trabalho se agisse com medo de seu próprio futuro político.
"A história nos julga pelo que fazemos", disse Johnson aos repórteres nesta semana. "Estou fazendo aqui o que acredito ser a coisa certa. Acho que fornecer ajuda letal à Ucrânia neste momento é extremamente importante. Eu realmente acho."