MOSCOU/PRAGA (Reuters) - Moscou reagiu de maneira furiosa às acusações da República Tcheca neste domingo de que espiões russos, suspeitos de envenenamento com agente nervoso no Reino Unido em 2018, estavam por trás de uma explosão em um depósito de munições tcheco quatro anos antes, que matou duas pessoas.
Praga expulsou 18 diplomatas russos no sábado, o que levou o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, neste domingo, a prometer “forçar os autores dessa provocação a compreender totalmente a responsabilidade que têm na destruição dos fundamentos das relações normais entre nossos países”.
A República Tcheca afirmou que havia informado a Otan e seus aliados da União Europeia que suspeita que a Rússia causou a explosão, e ministros das Relações Exteriores do bloco devem discutir o assunto em uma reunião na segunda-feira.
A disputa é a maior entre Praga e Moscou desde o fim de décadas de domínio soviético ao país do Leste Europeu, em 1989.
Também é mais um elemento em tensões cada vez maiores entre Rússia e o Ocidente no geral, acirradas pelas movimentações militares russas nas fronteiras ocidentais e na Crimeia, anexada por Moscou da Ucrânia em 2014, após conflitos entre o governo e forças pró-Rússia no leste da Ucrânia.
A Rússia afirmou que as acusações de Praga eram absurdas porque eles haviam culpado os donos do depósito pela explosão em Vrbetice, 300 kms ao leste da capital.
Classificou as expulsões como “a continuação de uma série de ações anti-Rússia tomadas pela República Tcheca nos últimos anos”, acusando Praga de “se esforçar para agradar os Estados Unidos no contexto das recentes sanções norte-americanas contra a Rússia”.
O Kremlin negou envolvimento naquele incidente e os agressores continuam foragidos.
(Por Gabrielle Tétrault-Farber e Robert Muller/ com reportagem adicional em Jan Lopatka em Praga, Philip Blenkinsop em Bruxelas, Elizabeth Piper em Londres e Andrew Osborn e Moscou)