SRINAGAR, Índia (Reuters) - Milhares de membros das forças de segurança da Índia contiveram nesta quarta-feira protestos ocorridos na Caxemira, auxiliados pela suspensão contínua dos serviços de telefone e internet, depois que o governo indiano descartou o status especial da região disputada nesta semana.
Os vizinhos China e Paquistão, que reivindicam partes da região, expressaram forte oposição à decisão indiana de anular uma cláusula constitucional que permitia que o único Estado de maioria muçulmana do país formulasse suas próprias leis.
As ruas de Srinagar, a maior cidade da região, ficaram desertas pelo terceiro dia, e todas as lojas ficaram fechadas, com exceção de alguns farmacêuticos. Agentes armados da Polícia Federal controlavam postos de segurança móveis pela cidade, limitando a circulação de pessoas.
Grupos de manifestantes jovens atiraram pedras contra soldados, disseram a polícia e uma testemunha, em meio à revolta com o blecaute nas telecomunicações iniciado no domingo.
"Estes (protestos) são na maioria localizados, por causa da grande mobilização de tropas", disse um policial que pediu anonimato por não estar autorizado a falar à mídia, acrescentando que a polícia usou gás lacrimogêneo e spray de pimenta para dispersar os manifestantes.
Uma testemunha descreveu um episódio de horas de lançamento de pedras na terça-feira na área de Barzullah Velha, próxima do centro da cidade, dizendo: "Vi cerca de 100 garotos, em pequenos grupos, lançando pedras".
"A polícia disparou gás lacrimogêneo para afastá-los", acrescentou.
O governo do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, deteve líderes regionais e chefes de grupos separatistas antes do anúncio de segunda-feira, que também dividiu o Estado em dois territórios federais para garantir um controle maior.
A Índia vem combatendo uma revolta armada na Caxemira desde 1989, que culpa o Paquistão por atiçar. Em resposta, Islamabad diz que só dá apoio moral e diplomático à luta do povo da Caxemira pela autodeterminação.
Todos os serviços de telefone, televisão e internet continuaram desativados. De noite, vans da polícia patrulharam as ruas, usando alto-falantes para alertar os moradores a permanecerem em casa.
O sul da Caxemira, o epicentro da insurgência nos últimos anos, foi completamente interditado, disse uma autoridade do governo estadual que visitou a área.