Por Pedro Fonseca
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A avaliação negativa à forma como o presidente Jair Bolsonaro tem atuado no enfrentamento à pandemia do coronavírus subiu para 50% em maio ante 45% em abril, de acordo com pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira, um dia após o Brasil registrar recorde no número diário de casos confirmados de Covid-19.
Segundo o levantamento, publicado pelo jornal Folha de S.Paulo, aqueles que aprovam o desempenho do presidente no âmbito da pandemia permaneceram estáveis em 27%, enquanto 22% disseram considerar a atuação de Bolsonaro regular, ante 25% no mês passado.
O Datafolha mostrou na véspera que a avaliação negativa do governo Bolsonaro subiu de 38% em abril para 43% em maio, atingindo patamar recorde. O levantamento foi realizado nos dias 25 e 26 de maio, portanto após a divulgação quase na íntegra de reunião ministerial no âmbito de inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) que apura suposta interferência política de Bolsonaro na Polícia Federal. [nL1N2DA1SH]
Com relação à pandemia de coronavírus, que já deixou mais de 26.700 mortos no Brasil, a piora na avaliação do presidente ocorreu após a segunda troca no comando do Ministério da Saúde em menos de um mês, com o pedido de demissão de Nelson Teich em 15 de maio.
Assim como Luiz Henrique Mandetta, a quem substituira em abril, Teich deixou o cargo por discordar de Bolsonaro com relação às medidas de enfrentamento à Covid-19. O presidente é contra as medidas de distanciamento social e defende o uso ampliado do medicamento cloroquina, apesar da falta de comprovação científica de eficácia contra a doença respiratória provocada pelo novo coronavírus.
O Ministério da Saúde, atualmente comandado de forma interina pelo general Eduardo Pazuello, tem aprovação de 45%, uma forte queda em relação aos 76% de apoio no começo de abril, durante a gestão Mandetta, e também abaixo dos 55% do final do mês passado, com Teich. Ainda assim, a aprovação fica bem acima dos 27% de Bolsonaro.
Após a saída de Teich, a pasta publicou protocolo recomendando o uso da cloroquina para pacientes de Covid-19 já a partir dos primeiros sintomas, apesar de testes com o medicamento no Brasil e no exterior terem sido interrompidos devido a riscos à saúde.
De acordo com a pesquisa, 33% consideram Bolsonaro muito responsável pelo avanço da pandemia de coronavírus, que na quinta-feira teve o recorde de 26.417 casos registrados em apenas um dia pelo Ministério da Saúde. Para 45%, o presidente não é responsável, enquanto 20% disseram que ele é um pouco responsável.
Governadores, muitos dos quais em guerra com Bolsonaro por terem decretado medidas de isolamento social que são atacadas pelo presidente, permanecem melhor avaliados do que o chefe do Executivo federal com relação ao enfrentamento à Covid-19, mas também tiveram perda na aprovação, com oscilação de 54% em abril para 50% em maio.
Para 25% os governadores tem avaliação ruim/péssima no tocante à pandemia, uma alta de 5 pontos, e se manteve em 24% o percentual que os considera regular.
A pesquisa ouviu 2.069 pessoas por telefone e tem margem de erro de 2 pontos percentuais, informou a Folha.