SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a sexta-feira em alta, na contramão do recuo dos rendimentos dos Treasuries, em um dia marcado pela baixa volatilidade no Brasil e pela consolidação de posições no mercado de títulos norte-americano.
Pela manhã, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) chegaram a apresentar ganhos mais consistentes, com o contrato para janeiro de 2027 chegando a subir cerca de 5 pontos-base às 11h52, sem que houvesse, na visão do chefe da mesa de operações do C6 Bank, Felipe Garcia, fatores específicos para justificar o movimento.
“Ontem (quinta-feira), Treasury mais curto acabou abrindo, e aqui o DI indicou abertura também. Mas hoje a volatilidade está baixa. O DI abriu mais de manhã, mas acabou voltando”, disse Garcia durante a tarde.
Com a agenda de indicadores esvaziada nesta sexta no Brasil e nos EUA, a perspectiva dos investidores não mudou: a visão mais geral é de que o Banco Central seguirá cortando a taxa básica Selic em 50 pontos-base, pelo menos nas duas próximas reuniões de política monetária (março e maio), e o Fed começará a cortar juros apenas em junho ou depois disso.
“Algumas casas já estão mudando o call (para corte de juros nos EUA) eventualmente no segundo semestre”, lembrou Garcia. “A ata do Fed (na quarta-feira) corroborou o discurso de paciência, de não cortar antes do momento certo, para não haver repique inflacionário”, acrescentou.
Perto do fechamento desta sexta, a curva a termo brasileira precificava 88% de chances de o corte da taxa básica Selic em março ser de 50 pontos-base, como vem sinalizando o Banco Central. Atualmente a Selic está em 11,25% ao ano.
No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,015%, ante 10,008% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 9,855%, ante 9,836% do ajuste anterior.
Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,035%, ante 10,005%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,285%, ante 10,254%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 10,7%, ante 10,676%.
Pela manhã, o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, disse que a autarquia está focando nos dados de salários, em meio a incertezas sobre indicadores mais amplos do mercado de trabalho, de olho no impacto que eles têm na inflação de serviços.
"Você começa a ver uma concentração nas negociações salariais próximas de 5%... A gente não acha que isso significa pressão no mercado de trabalho, mas a gente tem que olhar com bastante cuidado", disse o diretor, em evento organizado pela Abrasca.
No exterior, em um dia de consolidação de posições após os avanços mais recentes, os rendimentos dos Treasuries seguiam em baixa no fim da tarde.
Às 16:49 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 6,90 pontos-base, a 4,2578%.