Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, avaliou nesta terça-feira que o período atual é mais conturbado para o cenário externo, mas ressaltou que o BC está tranquilo e considera que é preciso olhar para o longo prazo.
A fala, feita em evento promovido pelo jornal Correio Braziliense, foi feita após a China permitir na véspera o rompimento da marca cambial de 7 iuanes por dólar, desencadeando uma onda de aversão ao risco pela perspectiva de acirramento da guerra comercial com os Estados Unidos.
Campos Neto lembrou que, no balanço de riscos para a inflação, o BC tem mencionado que o risco relacionado ao andamento das reformas econômicas se intensifica no caso de reversão do cenário externo benigno para economias emergentes.
"A gente está num período um pouco mais conturbado agora (em relação ao quadro internacional), mas estamos tranquilos, eu acho que a gente tem que olhar um cenário mais no longo prazo", disse.
Ele voltou o ressaltar que o Brasil tem sólida posição nas contas externas, com volume de reservas internacionais "bastante grande".
"Estamos tranquilos para navegar esse momento mais incerto pela frente", assinalou.
O presidente do BC afirmou que a guerra comercial teve várias fases, incluindo um primeiro momento em que imaginava-se que um aumento de tarifas iria promover alta da inflação mundo afora, o que acabou não acontecendo.
Campos Neto destacou que houve na realidade queda nos índices de preços e revisões para as estimativas de crescimento global, quadro que ensejou cortes de juros por bancos centrais em diversas economias.
Na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) publicada nesta terça-feira, inclusive, o BC já tinha avaliado que, de maneira geral, o cenário externo havia evoluído de maneira benigna, com estímulos monetários promovidos pelos BCs contribuindo para o afrouxamento das condições financeiras globais.
Em sua fala, Campos Neto afirmou que o balanço de riscos analisado pelo BC evoluiu de maneira favorável, com dois dos três fatores tendo melhorado "bastante", mas reiterou que o risco ligado às reformas ainda é preponderante para a autoridade monetária.
"Gostaria de enfatizar que as reformas ainda estão em andamento e nós esperamos uma continuidade no processo de reformas", ponderou.
"Mãe das reformas é a da Previdência, mas esperamos que elas continuem, trabalhamos com este cenário", completou ele.
(Por Marcela Ayres)