SÃO PAULO (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira que o texto da reforma tributária não é o desejado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mas é o "possível" de se construir.
"Certamente, não é o texto perfeito, que quer o Haddad, e certamente não é o texto que quer a Câmara, é o texto que vai ser possível construir, porque uma reforma tributária envolve 203 milhões de interesses", disse Lula.
Os comentários foram feitos durante entrevista ao SBT gravada na manhã desta quinta-feira e transmitida na TV durante a noite.
Lula acrescentou que não precisou entrar pessoalmente na articulação da reforma tributária e disse acreditar que Haddad será uma surpresa "extraordinária" na área econômica.
"Por enquanto não foi preciso, porque o Haddad 'está jogando bem'", disse ele sobre as articulações. "O Haddad está fazendo um papel extraordinário, eu acho que o Haddad vai ser uma extraordinária supresa nesse país na área econômica."
O presidente ainda defendeu o diálogo com partidos, independentemente da ideologia, para a aprovação de projetos.
"A gente vai conversar com todo mundo que tem voto no Congresso Nacional, porque para aprovar as coisas que nós queremos, nós precisamos de votos", disse Lula, acrescentando que o PT e a esquerda, sozinhos, não têm votos.
Para passar na Câmara dos Deputados e ir à apreciação do Senado, o texto da reforma tributária precisa receber ao menos 308 votos favoráveis, nos dois turnos de votação. A votação em primeiro turno da matéria começou nesta quinta-feira e é proposta prioritária para o governo do presidente Lula.
TROCA NO MINISTÉRIO
Questionado sobre se o partido Progressistas pretende participar mais de sua administração, Lula respondeu que quem escolhe o cargo é o governo.
"Não é a pessoa que quer vir para o governo que escolhe o cargo, quem escolhe o cargo é o governo ... não é o partido que é dono do ministério, é o governo que é dono do ministério, a escolha é do governo."
Ele acrescentou, contudo, ser favorável ao estabelecimento de acordos necessários para garantir a governabilidade.
As falas de Lula vêm na esteira da confirmação pelo Palácio do Planalto nesta quinta-feira da troca de comando no Ministério do Turismo, com a saída de Daniela Carneiro e a entrada do deputado Celso Sabino (UB-PA), por motivações partidárias.
O anúncio, feito em nota pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, acrescenta que ele e Lula vão se reunir com dirigentes do União Brasil, em data a ser definida, para receber a indicação de Celso Sabino para o cargo.
DESENROLA
Lula ainda anunciou na entrevista que o programa de renegociação de créditos inadimplidos, o Desenrola Brasil, deverá ser apresentado até setembro deste ano.
"Eu acho que a gente ainda vai ter que discutir um pouco mais, mas eu tenho fé em Deus que a gente possa apresentar isso, no mais tardar, no mês de setembro", disse.
O programa tem por objetivo recuperar condições de crédito para cidadãos com dívidas negativadas com renda bruta mensal de até dois salários-mínimos ou que estejam inscritos no CadÚnico, o cadastro do governo para programas sociais.
(Reportagem de Pedro Fonseca; texto de Patrícia Vilas Boas)