Londres, 11 jun (EFE).- As ações da companhia petrolífera
britânica BP recuperaram hoje parte das perdas sofridas nos últimos
dias ao subirem mais de 5% nas primeiras horas de cotação na Bolsa
de Londres.
O valor acionário da BP caiu praticamente à metade desde o dia 20
de abril, quando aconteceu uma explosão em sua plataforma Deepwater
Horizon do Golfo do México (EUA). O acidente deixou 11 pessoas
mortas e deu lugar ao maior vazamento de petróleo da história dos
Estados Unidos com graves consequências para o meio ambiente.
A empresa foi objeto de duras acusações por parte do Governo
americano, que reivindica que arque com todas as despesas,
indenizações, subsídios e multas que possam derivar desse fato.
O jornal "Financial Times" faz eco hoje à preocupação dos
acionistas em Londres pelo alcance e o caráter das reivindicações do
Governo dos EUA, que insinuou, entre outras coisas, que a BP deveria
assumir inclusive os subsídios dos trabalhadores que perderam seu
emprego por causa da moratória contra mais explorações no Golfo,
enquanto se resolve a situação causada pelo vazamento.
Os pedidos e acusações do Executivo americano causaram mal-estar
nos círculos políticos e empresariais do Reino Unido e o
primeiro-ministro britânico, David Cameron, deve tratar do assunto
por telefone com o presidente Barack Obama neste fim de semana.
Os investidores também estão preocupados com o financeiro da
crise na companhia e temem que ela seja obrigada a cortar ou adiar o
pagamento de dividendos previsto para o dia 27 de julho.
O FT assinala que a BP partia, para fazer frente à situação, de
uma boa posição financeira, com uma dívida abaixo de seus objetivos
de 20% e 30% do capital empregado.
Isto lhe daria margem para pedir emprestados US$ 18 bilhões antes
de tocar esse teto.
As previsões dos analistas do Citigroup eram que sua liquidez ia
melhorar no próximo ano em US$ 12 bilhões, mas esse número se
baseava em um preço do petróleo de US$ 80 por barril, acima da
cotação atual.
O resultado de tudo é que se o custo de sanar o vazamento subir
para US$ 40 bilhões, como sugerem alguns analistas, em sua maioria
por multas e indenizações, a capacidade da empresa de gerar liquidez
pode ser soterrada.
A possibilidade de que a Administração americana siga aumentando
sua pressão e reivindicações faz com que a direção da BP e seus
acionistas pensem, inclusive, na última opção: que a empresa tenha
que ser comprada.
O jornal afirma que dificilmente os Estados Unidos irão deixar de
pressionar a BP antes das eleições do Congresso em novembro quando,
possivelmente, com o vazamento provavelmente solucionado, se parta
para o atendimento à BP. EFE