Genebra, 22 jul (EFE).- A América Latina e o Caribe captarão em
2010 mais investimentos estrangeiros diretos (IED) que o previsto,
de acordo com um estudo da Conferência das Nações Unidas para o
Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) divulgado hoje.
O 'Relatório Mundial de Investimento' justifica sua previsão de
que a região "supera com relativa rapidez a crise financeira e
econômica mundial".
O documento lembra que no primeiro trimestre de 2010 as entradas
de IED aumentaram em determinadas economias da América Latina e do
Caribe em até 20% com relação ao mesmo período do ano anterior.
"A América Latina foi afetada pela queda dos mercados mundiais
ano passado, mas este ano os fluxos de IED se recuperam e mostram
tendências de fortes altas", disse o secretário-geral da Unctad,
Supachai Panitchpakdi.
A julgar pelo estudo, o panorama a médio prazo para a região
também é "promissor", pois Brasil e México seguem como "destinos
preferenciais dos investimentos".
Por isso, estima que "as multinacionais latino-americanas
seguirão protegidas", dada "sua boa saúde financeira, seu pouco
contato com os setores mais castigados pela crise e a relativa
elasticidade da economia na região".
No entanto, esta expansão poderia ser refreada devido ao "acesso
limitado a fontes internas de financiamento e às atuais restrições
nos mercados financeiros internacionais", segundo alerta o
organismo.
Sobre as saídas de IED, prevê para 2010 um rebote na região, pois
parece "muito provável" que as saídas procedentes do Brasil voltem a
registrar resultados positivos, após terem caído em US$ 10 bilhões
em 2009.
Assim, o relatório considera que "o constante desenvolvimento das
multinacionais da região impulsionará o IED no estrangeiro a médio
prazo".
Especifica que as empresas latino-americanas implementadas fora
da região, principalmente as brasileiras e mexicanas, aterrissam,
sobretudo, em economias desenvolvidas.
"Os principais investidores latino-americanos no estrangeiro na
atualidade costumam ser empresas regionais grandes e antigas que
prosperaram e consolidaram sua posição na era da substituição de
importações, e que depois aumentaram notavelmente sua produtividade
durante a liberalização econômica dos anos 90", explica.
O estudo lembra que em 2009 as entradas de IED na América Latina
e no Caribe caíram 36% devido à crise econômica e financeira
mundial, até situar-se em US$ 117 bilhões.
Esse ano o Brasil foi o principal receptor de IED, apesar de ter
registrado uma redução de 42% nas entradas de investimentos.
Segundo o relatório, a queda das entradas de IED em toda a região
durante 2009 obedeceu em parte "a diminuição do reinvestimento de
matérias-primas" e a "queda das vendas em conceito de fusões e
aquisições além das fronteiras".
Estas operações caíram em 2009 devido ao aumento das vendas de
filiais estrangeiras a empresas nacionais, particularmente no
Brasil, completa o órgão da ONU. EFE