Lola Loscos.
Paris, 5 jul (EFE).- Um "novo jardim" de belezas Dior, o cinema
de Visconti levado para o século XXI por Christophe Josse, a cultura
da reciclagem de Martin Margiela e a espiritualidade dos Massai
africanos vistos por Georges Hobeika foram os grandes temas da alta
costura em Paris para a próxima temporada de inverno.
O brasileiro Gustavo Lins em um desfile íntimo organizado na
mesma pequena galeria de arte do bairro de Marais onde apresentou há
poucos dias sua moda masculina, conquistou o público de maneira
absoluta com uma coleção feminina inspirada na cadeira Fourmi de
Arne Jacobsen.
Convencido que essa invenção de formas onduladas criada em 1952 é
"seguramente um dos maiores sucessos do desenho contemporâneo", Lins
retomou sua sinuosidade para dar uma lição de talento em 13 modelos,
entre eles uma belíssima capa em algodão e seda cinza cimento e um
excelente quimono-túnica de lã marfim e verde cítrico.
Por sua vez, John Galliano, o costureiro que constrói a nova
arquitetura da mulher Dior há mais de uma década, tomou como ponto
de referência a natureza; em particular um de seus elementos mais
elevados, as flores, por suas cores, sua estrutura e sua extrema
delicadeza.
A tulipa que deu ao mestre fundador Christian Dior uma conhecida
"linha icónica" provocou nas mãos de seu sucessor uma audaz floração
para o inverno Dior, que se apresentou hoje no interior de uma
barraca transparente instalada nos jardins do Museu Rodin.
De outro lado, o costureiro libanês George Hobeika tingiu sua
alta costura com a espiritualidade das tribos Massai, uma das
culturas africanas mais antigas, e adaptou cores e acessórios a
vestidos de coquetel e de gala, de crepe de seda, bordados de
lantejoulas, organza e cetim duquesa, em vermelho, cru e preto.
Enquanto Christophe Jossé pensou em Visconti e em seu filme "O
inocente" (1976) para desenhar uma silhueta de contornos precisos.
Seus vestidos curtos de coquetel com bordados suntuosos de
pedreria e plumas, combinados com acessórios de veludo,
transparências e assimetrias, devem ser usados de preferência com um
cabelo longo afastado do rosto.
O contraste com a jaqueta e as botas altas que a Maison Martin
Margiela, grande defensora da reciclagem, confeccionou com as
múltiplos bolsas de pele foi espetacular.
Da mesma forma que Margiela, a empresa que apresentou hoje suas
ideias fora das tradicionais passarelas, Carven, histórica marca do
luxo nacional, elegeu neste primeiro dia de coleções para apresentar
um vestido preto "de falha tecnológica" criado por Guillaume Henry.
Nele, o costureiro retomou o drapeado que a fundadora lançou em
1956, para reinterpretá-lo, fazê-lo "gráfico, nervoso e atual", ou
seja, dar-lhe as novas proporções que o século XX requer. EFE