Rafa Caballero.
Tóquio, 15 mar (EFE).- A Bolsa de Tóquio despencou 10,55% nesta terça-feira durante uma sessão de pânico diante do risco nuclear no Japão, apesar das novas injeções milionárias de liquidez do banco central japonês.
O índice Nikkei sofreu a terceira maior queda de sua história, de 1.015,34 pontos, até fechar em 8.605,15 inteiros, o que significa uma contração próxima aos 17% nas últimas duas sessões.
O retrocesso desta terça-feira foi, além disso, o maior registrado no pregão de Tóquio desde outubro de 2008, na ocasião da quebra da Lehman Brothers.
Diante desta situação, o Governo japonês enviou uma mensagem de calma, enquanto o Banco do Japão (BOJ, banco central japonês) se esforçava para atenuar a sangria da bolsa.
As vendas no pregão se multiplicaram depois que o Governo japonês reconheceu vazamentos radioativos em Fukushima e ampliou o perímetro de segurança em volta da central de 20 para 30 quilômetros.
Até esse momento, as perdas do Nikkei oscilavam entre 4% e 5%, depois que o Banco do Japão, com um movimento tático, anunciou logo após a abertura da Bolsa uma nova injeção de liquidez de emergência de 5 trilhões de ienes (US$ 61,235 bilhões).
O dia anterior, o banco central japonês já havia ordenado uma injeção de capital de urgência, até o recorde de 15 trilhões de ienes (US$ 183,825 bilhões).
Mas a inquietação sobre Fukushima pesou mais entre os investidores. O seletivo japonês teve a queda acentuada quando foram divulgadas as notícias sobre a crítica usina nuclear e em um dado momento o retrocesso chegou a 14%.
Em seguida, o BOJ anunciou outra nova injeção urgente de dinheiro, desta vez 3 trilhões de ienes, para que finalmente o mercado encerrasse a sessão com quedas superiores a 10%.
O presidente da Bolsa de Tóquio, Atsushi Saito, declarou ao término do dia que os dois últimos encerramentos da bolsa, ambos em queda, também tiveram como causa os problemas de comunicações e eletricidade na região metropolitana da capital.
Também influiu a suspensão da produção em algumas das grandes empresas do país e a incerteza sobre o futuro das usinas nucleares no Japão, que abastecem cerca de um terço da energia do país.
As ações da operadora da central de Fukushima, TEPCO, voltaram a cair cerca de 24% pelo segundo dia consecutivo.
Apesar do momento excepcional que o Japão vive, os mercados seguiram operando e assim devem continuar, segundo disse após o pregão o ministro de Política Fiscal e Econômica japonês, Kaoru Yosano.
O presidente da Bolsa de Tóquio concordou com o titular de Economia: "Esperamos que o mercado se estabilize em pouco tempo", apontou.
O Governo japonês insistiu em propagar uma mensagem de calma entre os investidores e o próprio Yosano disse que "não há preocupações" sobre as cotações das empresas japonesas.
A moeda japonesa continuou sua ligeira apreciação frente à americana, já que um dólar valia 81,51 ienes, contra 81,58 da véspera.
Esta revalorização é um sintoma de que o mercado percebe um retorno do dinheiro que as empresas japonesas têm no exterior ao Japão para participar da reconstrução do país. EFE