Pequim, 15 set (EFE).- O governo da China, que nos últimos meses comprou títulos da dívida pública de países europeus em crise, expressou nesta quinta-feira o desejo de que a União Europeia (UE) retire o embargo à venda de armas e reconheça o país asiático como uma economia de mercado.
"Acho que a União Europeia tem preconceito contra a China nestes dois pontos", afirmou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Jiang Yu, ao ser questionada se a compra da dívida está condicionada à anulação do embargo imposto em 1989 e ao reconhecimento da China como uma economia de mercado.
"Esperamos que estes problemas possam ser resolvidos logo para que nossas relações bilaterais possam se desenvolver", acrescentou a porta-voz.
Nos últimos meses, a China adquiriu uma quantia indeterminada de bônus de dívida pública de países europeus em crise, como Grécia, Portugal, Espanha e Hungria, e esta semana foi divulgado que funcionários do fundo soberano chinês mantiveram encontros com políticos italianos.
O pronunciamento da funcionária aconteceu horas depois que o primeiro-ministro chinês, Wen Jibao, exigiu a abertura dos mercados europeus a seus produtos em troca da compra de dívida soberana, durante o Fórum Econômico Mundial realizado na cidade chinesa de Dalian, conhecido como "Davos de verão".
Wen pediu a Bruxelas que reconheça a China como uma economia de mercado, status que eliminaria algumas barreiras comerciais impostas ao país por concorrência desleal ("dumping").
Segundo as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), na qual a China ingressou em 2001, o país asiático deveria receber o status completo de economia de mercado em 2016.
No entanto, a UE decidiu nesta quinta-feira aumentar as tarifas impostas a azulejos e pavimentos fabricados na China, de 26,3% para 69,7%, após acusar o país novamente de vender estes produtos abaixo de seu preço de mercado.
A porta-voz chinesa expressou o desejo de seu governo de que a cooperação entre ambas as partes ocorra "em igualdade de condições e com respeito mútuo".
A China conta com a maior reserva de divisas estrangeiras do mundo, com US$ 3,2 trilhões. Boa parte dos recursos é investida em bônus do Tesouro dos Estados Unidos, mas nos últimos anos a China diversificou os investimentos em até 25% de ativos em euros. EFE