Adriana Flores Bórquez.
Atenas, 2 out (EFE).- O governo da Grécia reconheceu neste domingo que não conseguirá cumprir em 2011 e 2012 as metas de cortes de déficit orçamentário determinados pela União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
O governo do país aprovou medidas adicionais de austeridade fiscal no valor de 6.600 bilhões de euros e diminuição do setor público. As ações foram anunciadas após reunião extraordinária do Conselho de Ministros, liderada pelo primeiro-ministro Giorgos Papandreou.
O Ministério das Finanças informou em comunicado que a desaceleração da economia será de 5,5% este ano, ao contrário da previsão anterior, de 3,8%. Em 2012, o PIB cairá 2%.
Também foram corrigidas as previsões de déficit, que fechará em 2011 em 8,5% do PIB, ao invés do 7,6% fixado anteriormente. Em 2012, a previsão é de que esse número alcance 6,8% do PIB. Valores acima do estabelecido com a "troika", formada pela Comissão Europeia (CE), FMI e o Banco Central Europeu (BCE).
"Assumimos decisões de forma rápida devido ao imenso déficit que provoca a contração da economia", reconheceu o primeiro-ministro. O governo grego realizou nos dois últimos anos cortes no sistema previdenciário que chegaram a reduzir os salários em até 40%.
O Conselho de Ministros também aprovou neste domingo um corte de 30 mil funcionários públicos, que serão colocados em situação de espera de ser demitidos ou recontratados, com o objetivo de economizar 300 milhões de euros até fins de 2012.
Um porta-voz do governo grego disse que essa decisão é resultado de longas e difíceis negociações com a "troika", que insistiu para que esse estado de espera preceda demissões e não seja um passo a uma aposentadoria adiantada.
A Grécia continua esperando que inspetores das três instituições (FMI, CE e BCE) elaborem um relatório sobre os esforços que o país está fazendo para cortar seu déficit, que fechou em 10,5% do PIB em 2010. A União Europeia e o FMI dependem da conclusão desse documento para entregar à Grécia antes do fim de outubro o sexto lance, de oito bilhões de euros, do primeiro resgate de 110 bilhões de euros concedidos ao país em maio de 2010.
Os parceiros europeus esperam que a Grécia faça os cortes necessários para alcançar as metas estabelecidas e estudam um segundo resgate no valor de 160 bilhões de euros, com a participação de banco privados, conforme acordo feito em 21 de julho.
Para tornar a situação no país ainda mais confusa, os principais sindicatos de trabalhadores da Grécia convocaram uma greve geral de vinte e quatro horas na próxima quarta-feira para protestar contra as demissões, os cortes de gastos e o aumento de impostos.EFE