Por Michael Flaherty e Howard Schneider
WASHINGTON (Reuters) - No momento em que o comitê de política monetária do Federal Reserve encerra sua terceira reunião do ano, uma tarefa crítica se coloca à frente do banco central dos Estados Unidos: reduzir a ampla diferença entre como ele e os mercados veem a trajetória da taxa de juros.
O Fed havia anteriormente descartado elevar os juros ao fim desta reunião de dois dias e as chances de uma alta no encontro de junho diminuíram, embora essa possibilidade ainda esteja em jogo, em meio a uma série de dados econômicos fracos relativos ao primeiro trimestre.
O Fed diz que sua decisão sobre quando elevar os juros dependerá de dados e será tomada a cada reunião, postura que pode reafirmar nesta quarta-feira.
Economistas dizem que setembro é uma data mais provável do que junho para o início do aperto monetário. O Fed tem mantido os juros perto de zero desde o fim de 2008 como parte de seus esforços para impulsionar a recuperação após a crise financeira.
Operadores de contratos futuros veem uma alta de juros ainda mais tardia, o que significa que têm pouca confiança na mensagem que o Fed vem defendendo, de que está avançando com planos para o que seria a primeira alta de juros desde junho de 2006.
O Fed enfrenta um dilema nesta semana, de acordo com o Bank of America: acomodar as expectativas do mercado de que o aperto monetário demorará mais para acontecer, ou "atualizar sua comunicação para empurrar o mercado na direção do Fed". A equipe do Bank of America disse na segunda-feira esperar que o Fed se incline mais para a segunda opção.
Operadores calculam as chances de uma alta em setembro em apenas 25 por cento, de acordo com o FedWatch, do CME Group. A estimativa mediana do Fed para sua taxa de juros em dezembro é de 0,625 por cento, quase o dobro da taxa apontada pelos contratos futuros para aquele mês.
O Fed pode dar um sinal aos investidores nesta quarta-feira adotando um tom mais "hawkish" sobre a inflação.
A inflação baixa tem estado entre os fatores que seguram os planos do Fed, mas os preços aos consumidores nos EUA subiram pelo segundo mês seguido em março devido em parte a uma recuperação nos custos da energia.
Autoridades do Fed dizem que os fatores por trás da inflação baixa --queda no custo do petróleo e alta do dólar-- são transitórios, e acreditam que os preços vão subir quando essas oscilações se estabilizarem.