PEQUIM (Reuters) - A empresa que fazia a gestão de uma pilha de despejos que desmoronou e enterrou dezenas de edifícios no sul da China foi instada a parar de trabalhar quatro dias antes do desastre, afirmou nesta quinta-feira o executivo de uma empresa de monitoramento que faz avaliações para o governo, citando preocupações com segurança.
Duas pessoas morreram e mais de 70 desapareceram após o deslizamento de terra que aconteceu no domingo em um parque industrial em Shenzhen, perto de Hong Kong, no mais recente desastre industrial da China. Um homem foi retirado vivo dos escombros na quarta-feira.
O desastre levantou questões sobre as normas de segurança industrial da China e sobre falta de supervisão. Na terça-feira, a polícia fez buscas nos escritórios da Shenzhen Yixianglong, a empresa responsável pela gestão de despejos no local.
Executivos da Shenzhen J-star Project Management Consultant Co., uma empresa de consultoria que foi contratada por autoridades em Shenzhen para supervisionar projetos de engenharia, tinham recomendado primeiramente que a Yixianglong "parasse todo o trabalho" e repetidamente solicitado que fizesse isso pelos próximos meses, afirmou o vice-gerente geral da J-star, Bian Yuxiang, à Reuters, por telefone.
Bian afirmou que a J-star destacou cinco questões sobre o local de despejo para os investigadores do governo, questionando a qualidade da inspeção e dizendo que a Yixianglong não tinha conseguido realizar testes em pistas ao redor da área e não cumpria as normas de segurança, como o uso de capacetes.
Em uma reunião em 16 de dezembro que teve a participação de funcionários do Guangming New District Urban Management Bureau e da Shenzhen Keyu Engineering Consultant Co. Ltd, uma empresa de consultoria de engenharia, a J-star pediu que a Yixianglong suspendesse todas as operações, disse Bian.
"Todas as partes presentes concordaram com isso", afirmou Bian, acrescentando que o trabalho deveria ter parado em seguida. Bian disse que a J-star "não tinha direito" de ordenar que a Yixianglong parasse o trabalho.
(Por Sui-Lee Wee e Redação em Pequim)