Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Uma nova licitação para definir o futuro administrador do Maracanã será feita antes do fim da Paralimpíada, segundo uma fonte próxima à discussão sobre a concessão do estádio, que prevê uma nova gestão em outubro.
A partir de março, o Estado do Rio de Janeiro assume a gestão do Maracanã para preparar o estádio para Jogos Olímpicos, em agosto, e Paralímpicos, em setembro.
A intenção é usar esse período para selar definitivamente o fim do “casamento” com a construtora Odebrecht, que forma o consórcio que adquiriu a gestão do estádio em 2013. A relação com o Estado se desgastou após alterações contratuais promovidas pelo governo fluminense e pelas dificuldades financeiras encontradas pela construtora, que é um dos alvos da operação Lava Jato, que investiga esquema bilionário de corrupção envolvendo a Petrobras (SA:PETR4) e outras empresas e órgãos públicos.
“A ideia é zerar de vez a relação com a Odebrecht e começar do zero de novo”, disse a fonte próxima ao assunto, que pediu para não ser identificada. “A nova licitação será feita no período que o Maracanã estiver com o Estado e o objetivo é já ter um novo concessionário depois das Paralimpíadas”, acrescentou.
O grupo francês Lagardère Unlimited, que já administra no Brasil as arenas Castelão, em Fortaleza, e Independência, em Belo Horizonte, aparece como um dos interessados na concessão do Maracanã, segundo a fonte. Outras empresas potencialmente interessadas são a AEG, que atualmente tem participação minoritária no Consórcio Maracanã, e a IMM, antiga IMX e que foi sócia de Odebrecht e AEG no Maracanã, de acordo com a fonte.
“Tem muita gente no páreo e interessada, mas o fato é que o Estado já decidiu que não vai reassumir o Maracanã como fez no passado”, revelou a fonte.
O Maracanã, que receberá partidas de futebol e as cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos de 2016, foi reformado para a Copa do Mundo de 2014 ao custo de 1,2 bilhão de reais e concedido ao consórcio liderado pela Odebrecht em 2013 em um contrato de 35 anos.
“Chegou-se a um ponto que não dá mais. Precisa-se entrar numa fase nova e com um modelo novo e moderno”, disse a fonte. “Depois da Lava Jato, a concessionária ficou com pouco crédito na praça, está focando naquilo que é prioritário e demonstra pouco interesse no Maracanã”, acrescentou a fonte, ao lembrar que no fim do ano passado boa parte dos funcionários do estádio foi desligada.
A ideia é atrair grandes clubes do Rio, como Flamengo e Fluminense, que são clientes do Maracanã, para auxiliar na futura administração da arena. O modelo em construção exigiria a presença de uma gestor com experiência em administração em arenas e/ou uma empresa que possa dar sustentação financeira à concessão.
O contrato de concessão do Maracanã sofreu um abalo quando o governo do Estado, após sofrer pressão da sociedade, proibiu a demolição do estádio de atletismo Célio de Barros e do parque aquático Julio Delamare, que ficam no entorno do estádio. Quando ganhou a concessão do complexo, o consórcio pretendia construir nessas áreas centros comerciais, estacionamentos e um shopping center. Sem essa receita, a concessionária questionou o contrato e pleiteia um aditivo para reduzir a obrigação de investimentos de cerca de 600 milhões de reais.