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Celso Amorim pede investimentos a empresas e líderes para um "novo" Haiti

Publicado 28.01.2010, 12:13

Virgínia Hebrero

Davos (Suíça), 28 jan (EFE).- O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, afirmou hoje que são necessários investimentos imediatos no Haiti para reconstruir o país após o terremoto que o devastou em 12 de janeiro e para que a população haitiana tenha esperança no futuro.

É importante "pensar a médio e longo prazo", ressaltou o chanceler brasileiro no Fórum Econômico de Davos, que reúne nesta semana dezenas de líderes políticos e empresários de todo o mundo.

Amorim identificou as áreas que considerou prioritárias para essa reconstrução a médio e longo prazo e para as quais ofereceu a colaboração do Brasil.

Entre elas, sugeriu a criação de "trabalhos para os jovens do Haiti" em setores como o têxtil, além de promover reestruturar o meio ambiente do país.

"Precisamos realizar um programa em massa para replantar árvores no Haiti, para evitar que essa terra que já estava devastada antes do terremoto provoque inundações. Isto poderia ser financiado pelas grandes instituições financeiras assim como pelo setor privado."

Amorim também comentou a ausência no Fórum do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que sofreu uma crise de hipertensão e foi hospitalizado hoje no Recife. O presidente receberia o prêmio de Estadista Global, o primeiro dessa categoria, com o qual os organizadores do Fórum queriam homenageá-lo pelos dois mandatos no Governo.

"Eu acho que Lula deve estar frustrado. Não por não poder receber o prêmio, o que, claro, sempre é bom, mas por não poder vir aqui pessoalmente trazer sua mensagem", explicou Amorim.

O ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton, enviado especial da ONU para o Haiti, fez um apaixonado discurso aos participantes do Fórum para que invistam no país caribenho a fim de reconstruí-lo de forma diferente à de antes do terremoto.

"O Haiti tem a oportunidade de escapar de seu passado e construir um futuro melhor que o de antes. Não se trata de reconstruir Haiti tal como era", disse o ex-presidente americano.

Clinton se referiu primeiro às necessidades imediatas dos haitianos, que apesar dos esforços da ONU e de dezenas de ONGs continuam sem abrigo. Ele pediu que se façam contribuições ao país para poder melhorar o sistema de distribuição de água e alimentos às centenas de milhares de desabrigados, assim como dar-lhes abrigo e saneamento.

"Não quero que o povo tenha que se preocupar com onde comer, onde receber água ou onde dormir. Mas agora há 15 pontos de distribuição de comida e água e necessitamos 100 ou 200", assinalou.

Para isso, pediu com urgência "caminhões não muito grandes, caminhões de distribuição. Preciso de 100, e preciso deles para ontem", preconizou.

Mas Clinton também apelou aos empresários a investir a longo prazo no Haiti e assegurou que existe um grande potencial para isso.

Ele disse que em algumas ocasiões no passado em que levou empresários ao Haiti para ajudar à recuperação econômica do país, a maioria "ficou surpreendida pelas oportunidades viram".

Na mesma sessão especial dedicada ao Haiti, outros participantes encorajaram investimentos no país devastado, que já era o mais pobre da América Latina antes do terremoto.

O empresário irlandês Denis O'Brien, da empresa Digicel, que está trabalhando no Haiti para a reparação do sistema de telecomunicações, também enfatizou as grandes oportunidades de investimento que, em sua opinião, oferece Haiti.

"O Haiti é um lugar magnífico para fazer negócios. Tem uma população muito jovem e 10 milhões de consumidores" que poderiam se tornar ativos a partir de um plano apropriado de desenvolvimento para o país, explicou.

O'Brien destacou setores potenciais para fazer negócios como o turismo, a reconstrução da capital, Porto Príncipe, e o setor de infraestruturas. O empresário disse que desde que sua empresa trabalha no Haiti, "nunca tivemos problemas de nenhum tipo, nem com o Governo".

"É um desafio, mas o Haiti tem as portas abertas aos negócios", acrescentou, "com um mercado de trabalho mais barato que nos EUA e a dois passos dali". EFE

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