Buenos Aires, 5 fev (EFE).- Legisladores da União Cívica Radical,
a principal força opositora na Argentina, apresentaram hoje uma
denúncia contra a presidente, Cristina Fernández de Kirchner, e seu
marido e antecessor, Néstor Kirchner, para que se investigue a
compra de US$ 2 milhões que este admitiu ter feito em 2008.
O processo foi apresentado ao juiz Julián Ercolini pelo senador
José Cano e os deputados Silvana Giudici e Rubén Lanceta, informaram
fontes judiciais.
Os parlamentares consideraram em sua denúncia que "a compra
significativa de dólares por parte do marido da presidente deve dar
lugar a suspeitas quanto ao manejo de informação privilegiada".
Há dois dias, a também opositora Coalizão Cívica denunciou o
casal presidencial por suposto enriquecimento ilícito depois que
Kirchner admitiu que, em outubro de 2008, em plena turbulência
financeira internacional, ter comprado US$ 2 milhões para adquirir
um pacote de ações em um hotel de luxo na cidade de El Calafate, na
Patagônia argentina.
A compra foi feita de acordo com as leis argentinas, mas a
oposição questiona Kirchner apostando na possibilidade de que se
beneficiou de informações privilegiadas.
O ex-presidente (2003-2007) afirmou que "não existiu
possibilidade de benefício cambial, já que o pagamento realizado foi
na mesma moeda pela qual tais aquisições de divisas foram feitas".
Sua esposa e sucessora também negou qualquer especulação na
compra dos dólares e considerou que o maior problema de Kirchner é
que vive "de forma honesta" na Argentina.
"Se tivessem encontrado alguma conta de Kirchner nas Ilhas
Cayman... Mas tudo o que dizem está em sua declaração juramentada",
argumentou Cristina.
Um juiz federal suspendeu em dezembro passado uma causa por
suposto enriquecimento ilícito contra os Kirchner, iniciada depois
da notíca de que seu patrimônio tinha aumentado 158% em 2008. EFE