Por Colin Packham
SYDNEY (Reuters) - Mais de 2 mil incidentes, incluindo abusos sexuais, agressões e tentativas de ferimentos autoinfligidos, foram relatados em cerca de dois anos em um centro da Austrália para postulantes a asilo localizado em Nauru, mais da metade deles envolvendo crianças, noticiou um jornal nesta quarta-feira.
Documentos vazados e publicados pelo Guardian Australia voltaram a detalhar o nível dos abusos cometidos no centro do pequeno território de Nauru, um dos dois administrados pela Austrália em ilhas vizinhas do sul do Oceano Pacífico, e mostram mais uma vez que as crianças são as principais vítimas dos traumas.
Os campos altamente protegidos e a política imigratória severa da Austrália contra a chegada de barcos ilegais vêm sendo amplamente criticados pela Organização das Nações Unidas (ONU) e por grupos de direitos humanos.
Conforme a política australiana, os postulantes a asilo interceptados no mar são enviados a Nauru e a outra campo na Ilha Manus, em Papua-Nova Guiné, e informados de que nunca serão assentados na Austrália.
O número de refugiados e de postulantes a asilo que tentam chegar à Austrália é minúsculo em comparação com a Europa, mas a imigração é um tema delicado no país há tempos, e a política imigratória linha-dura conta com apoio bipartidário.
A Austrália disse que está tentando confirmar se a polícia de Nauru verificou todos os relatos.
"É importante notar que muitos dos relatos de incidentes refletem alegações sem confirmação", disse a porta-voz do Departamento de Imigração australiano.
Os mais de 2 mil relatos de incidentes vazados publicados pelo Guardian cobrem um período entre agosto de 2013 e outubro de 2015.
As crianças representam menos de 20 por cento dos cerca de 500 detidos em Nauru. Houve 59 relatos de agressões a crianças no período, e sete relatos de abusos sexuais. Alguns dos relatos alegam abusos de guardas contra crianças, e outros de abordagens sexuais de homens desconhecidos.
Os relatos também mostram ter havido 30 incidentes de ferimentos autoinfligidos entre crianças e 159 de tentativas de ferimentos autoinfligidos envolvendo menores.