Bruxelas, 15 mar (EFE).- Os ministros de Finanças do países da
zona do euro avançaram hoje na concretização de uma eventual ajuda à
Grécia, mas evitaram defini-la publicamente.
Segundo eles, a ajuda só será concedida caso "a estabilidade da
zona do euro esteja em risco", e não para baratear o financiamento
da dívida grega.
"O Eurogrupo esclareceu as modalidades técnicas que permitiriam
uma ação coordenada e que seria ativada com rapidez caso
necessário", explicou o presidente do Eurogrupo e primeiro-ministro
luxemburguês, Jean-Claude Juncker, que se negou a comentar que tipo
de instrumento os ministros discutiram.
Tanto Juncker como a ministra de Finanças francesa, Christine
Lagarde, não quiseram dar detalhes sobre o mesmo ao argumentar que
se trataria de um exercício de "premonição".
Entretanto, Juncker deu uma pista ao descartar a necessidade de
avais dos Estados-membros a empréstimos ao Estado grego.
"O objetivo desta ação coordenada não seria fornecer empréstimos
à Grécia a taxas de juros da zona do euro, mas garantir a
estabilidade financeira da zona do euro em seu conjunto", diz um
documento publicado pelo Eurogrupo após a reunião.
O primeiro-ministro luxemburguês explicou que corresponderá aos
chefes de Estado e de Governo aprovar o mecanismo de apoio à Grécia,
caso seja necessário colocá-lo em andamento.
"Preparamos o terreno para que uma decisão possa ser tomada no
Conselho", assegurou Juncker, que disse desconhecer se os chefes de
Estado e de Governo incluirão o tema na agenda da cúpula prevista
para semana que vem em Bruxelas.
"Esclarecemos todas as modalidades, mas a decisão final
corresponde ao Conselho", disse Lagarde, segundo a qual os ministros
de Finanças europeus não falaram em nenhum momento sobre valores
para a ajuda.
Juncker explicou que, segundo o conversado hoje, todos os países
da zona do euro participariam do resgate e que o instrumento de
ajuda "respeitaria os tratados e as leis nacionais dos
Estados-membros".
O primeiro-ministro luxemburguês também disse que há "questões
técnicas que devem ser resolvidas nas próximas semanas" e que uma
equipe já trabalha nesses assuntos.
No entanto, Juncker repetiu várias vezes que a Grécia não vai
precisar de apoio financeiro já que as reformas adicionais
anunciadas recentemente pelo Governo grego "são suficientes" para
cumprir o objetivo de reduzir o déficit público em 4% neste ano e
tranqüilizar os mercados.
"O Eurogrupo ressalta que as autoridades gregas não pediram apoio
financeiro. As medidas de consolidação tomadas pela Grécia são uma
importante contribuição para alcançar a sustentabilidade fiscal e a
confiança do mercado", diz a nota do Eurogrupo.
O instrumento de apoio à Grécia discutido hoje tem como
antecedente a cúpula de 11 de fevereiro, na qual os europeus
prometeram agir de maneira "decidida e coordenada" para garantir a
estabilidade da zona do euro.
Também naquela data, foi exigido que o Governo grego tomasse
todas as medidas necessárias para reduzir o déficit público de 12,7%
do Produto Interno Bruto (PIB) atual para menos de 3% em 2012. EFE