Bruxelas, 4 out (EFE).- O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao,
insistiu hoje na necessidade de manter as taxas de câmbio das
principais divisas de reserva "relativamente estáveis" para
favorecer a recuperação econômica, durante a cúpula de líderes da
Europa e Ásia (Asem), que acontece até amanhã em Bruxelas.
Com suas declarações, expressadas durante a abertura da reunião,
Wen jogou um balde de água fria nas aspirações da União Europeia
(UE) de pressionar a China durante a cúpula para que contribua para
corrigir os desequilíbrios comerciais entre o Gigante Asiático e o
Velho Continente mediante uma flexibilização do tipo de câmbio do
iuane.
A valorização da moeda chinesa é uma reiterada reivindicação
tanto dos Estados Unidos como da Europa, que consideram que um iuane
baixo favorece as exportações chinesas e penaliza os produtos
americanos e europeus.
No entanto, as autoridades chinesas ignoraram reiteradamente os
pedidos dos dois lados do Atlântico, e vetaram uma significativa
valorização de sua moeda, além de alguns pequenos aumentos fixados
para aplacar as críticas internacionais, como o anunciado em junho
passado, pouco antes da cúpula do Grupo dos Vinte (G20, que reúne os
países ricos e os principais emergentes) em Toronto.
O primeiro-ministro chinês se reunirá amanhã com o presidente do
Eurogrupo, Jean-Claude Juncker; o comissário de Assuntos Econômicos,
Olli Rehn, e o presidente do Banco Central Europeu (BCE),
Jean-Claude Trichet, mas parece pouco provável que prosperem as
aspirações europeias de conseguir uma maior flexibilização da
posição chinesa.
O encontro anterior da cúpula de líderes econômicos da zona do
euro com as autoridades chinesas, realizado há quase um ano, também
terminou sem muitos avanços neste sentido.
Além da questão envolvendo a política cambial, a China chegou à
cúpula com outra aspiração: conseguir mais representação das
economias emergentes asiáticas nos organismos internacionais,
concretamente o Fundo Monetário Internacional (FMI), por conta da
assembleia geral do organismo, no final desta semana, em Washington.
"Temos de melhorar o processo de decisão e os mecanismos das
instituições financeiras, melhorar a representação e a voz dos
países em desenvolvimento, para favorecer uma participação mais
ampla", disse Wen aos demais líderes.
Os países asiáticos pediram que o FMI reflita com mais realismo a
nova situação econômica global, e lembraram a importante
contribuição das economias emergentes asiáticas para a recuperação
econômica.
A cúpula pode terminar com avanços sobre este tema, pois os
países europeus já anunciaram na sexta-feira passada sua disposição
a ceder parte de sua cota de representação aos emergentes, diante
dos reiterados pedidos neste sentido para equilibrar o poder no
organismo encarregado de financiar os países que sofrem crises
monetárias ou fiscais.
A minuta de declarações da cúpula, à qual a Agência Efe teve
acesso, já reconhece que os 48 líderes presentes "reafirmam que as
participações no FMI devem se deslocar em direção aos mercados
dinâmicos e emergentes e os países em vias de desenvolvimento, em
uma proporção de pelo menos 5%",
Isso poderia significar a cessão de dois dos nove assentos que o
bloco ocupa na junta aos emergentes. EFE