Promoção de Cyber Monday: Até 60% de desconto no InvestingProGARANTA JÁ SUA OFERTA

Fórum Social Mundial acusa mercado de "sequestrar" democracia europeia

Publicado 27.01.2012, 21:21

Eduardo Davis.

Porto Alegre, 27 jan (EFE).- Intelectuais e ativistas que participam do Fórum Social Mundial, realizado nestes dias em Porto Alegre, concordaram nesta sexta-feira em dizer que a democracia na Europa foi "sequestrada" por um mercado financeiro "insaciável", que não conhece limites e agora ameaça os direitos humanos e políticos.

"A Europa tem suas democracias e suas Constituições suspensas, e quem manda agora é o (banco) Goldman Sachs", afirmou o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, em um debate junto ao arquiteto brasileiro Chico Whitaker, o jornalista espanhol Ignacio Ramonet e o ativista francês Bernard Cassen, todos fundadores do Fórum.

Na opinião de Boaventura, a atual crise demonstra que o Fórum Social tem razão ao dizer que "o capitalismo é antidemocrático e a melhor prova disso é que o país mais pujante do mundo, a China, despreza a democracia".

Em relação à Europa, o sociólogo afirmou que a crise financeira chegou à política e, por isso, surgiram os recentes protestos anticapitalistas pelo mundo, como os do movimento Occupy Wall Street - iniciado em Nova York - e da mobilização dos "indignados" na Espanha.

"Na política europeia, a única tradição política que sobrevive hoje é o anarquismo, porque, como diferenciar a esquerda da direita se as duas agem da mesma forma?", declarou Boaventura, ovacionado pelas cerca de mil pessoas que assistiam a seu discurso.

Ramonet se mostrou de acordo e disse que, nos últimos meses, a Europa testemunhou "verdadeiros golpes de Estado promovidos pelo mercado financeiro, que derrubou governos democraticamente escolhidos como os da Itália e Grécia para impor os nomes aprovados pelos banqueiros contra a vontade dos cidadãos".

Cassen, um dos fundadores da Associação pela Taxação das Transações financeiras e pela Ação Civil (Attac) - que há mais de uma década propõe taxar as operações financeiras e aplicar maiores controles ao mercado, tal como agora o mundo desenvolvido discute -, disse que "a única novidade atual é a enorme multiplicidade de rupturas".

O ativista ressaltou que hoje se vive "uma crise ambiental, outra alimentar, outra econômica e financeira e outra política". Em sua opinião, isso reflete "o caráter finito dos recursos e a expansão sem limites ou controles de um setor financeiro que não se sacia nunca".

Ele condenou também "a hipocrisia de um modelo que diz estar preocupado com os pobres, mas não percebe que é impossível acabar com as crises de fome quando se permite que os alimentos sejam ações cotadas nos mercados de futuros".

A única saída, segundo Cassen, é "acabar com a ditadura dos mercados, que derrubou os governos de seus campos naturais de atuação e os obriga a trabalhar para tranquilizar os agentes financeiros, em vez de tranquilizar os cidadãos".

Chico Whitaker, por sua vez, também criticou as crises citadas por Cassen e considerou que, no caso europeu, um agravante é que os movimentos de indignados protestam contra os partidos, "que são até agora a única forma conhecida de organização política da sociedade".

O brasileiro sustentou, no entanto, que muitas dos protestos são motivados por uma redução dos padrões de "consumo e mais consumo, uma loucura de consumo, que é o que faz funcionar essa maquinaria infernal que vai acabar arrebentando o planeta".

Em relação à América Latina, o português Boaventura também manifestou críticas, inclusive aos governos de centro-esquerda que chegaram ao poder na região na última década. Para o sociólogo, os líderes "não atacaram o problema de fundo, que é o capitalismo".

"Dói ver índios bolivianos e equatorianos acusados de terrorismo por bloquear estradas contra empresas que querem destruir suas terras", declarou Boaventura, que contestou também a esquerda latino-americana por manter políticas de destruição do meio ambiente.

Para ele, a esquerda latino-americana herda hoje a "maldição de ter transformado seus militantes em funcionários" e deverá "começar a pensar de outra maneira", porque, senão, a crise que atinge a Europa chegará à América Latina "e o fará com força", para dar lugar a "novos barbarismos". EFE

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.