Por Babak Dehghanpisheh
BEIRUTE (Reuters) - O Irã iniciou os preparativos para intensificar sua capacidade de enriquecimento de urânio, disse o chefe do programa nuclear do país nesta terça-feira, aumentando a pressão sobre as potências europeias que tentam salvar um acordo nuclear com Teerã ameaçado desde a saída dos Estados Unidos.
França, Reino Unido e Alemanha querem preservar a suspensão de sanções ao Irã em troca de restrições às atividades atômicas iranianas, o ponto central do pacto de 2015.
Os Estados Unidos, no entanto, reativaram suas sanções contra Teerã depois que rompeu com o acordo no mês passado, argumentando que o Irã representa uma ameaça de segurança.
O Irã estabeleceu condições para permanecer no acordo nuclear, como medidas para salvaguardar o comércio com o regime e uma garantia de venda do petróleo iraniano. Mas o país também disse que pode retomar seu enriquecimento de urânio a 20 por cento, algo que o pacto proíbe.
Teerã está desenvolvendo a infraestrutura para a construção de centrífugas avançadas em sua instalação de Natanz, disse Ali Akbar Salehi, diretor da Organização de Energia Atômica do Irã em uma coletiva de imprensa transmitida pela televisão estatal.
Na segunda-feira, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, disse que ordenou preparativos para que sua nação tenha uma capacidade de enriquecimento maior se o acordo fracassar. A agência nuclear iraniana disse que informaria sua contraparte da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira que o processo para aumentar essa capacidade já começou.
Salehi afirmou que isso não viola o acordo nuclear, mas que assinala uma aceleração do programa nuclear.
"Se estivéssemos progredindo normalmente, levaria de seis a sete anos, mas agora isso ficará pronto nas próximas semanas e meses".
Segundo Salehi, o Irã também desenvolveu a capacidade de produzir eletricidade em Natanz, localizada cerca de 300 quilômetros ao sul de Teerã.
O pacto de 2015 permite que o Irã mantenha um enriquecimento de urânio a 3,67 por cento, bem abaixo dos cerca de 90 por cento necessários para a fabricação de armas. Antes de o acordo ser firmado, o regime enriquecia urânio com uma pureza de até 20 por cento.
Os comentários feitos por Salehi nesta terça-feira pareceram ser um alerta para os signatários remanescentes a respeito das consequências possíveis de um fracasso do acordo.