Por Leigh Thomas
PARIS (Reuters) - A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziu suas expectativas de crescimento do Brasil neste e no próximo ano, também piorando as contas para as principais economias desenvolvidas nesta segunda-feira.
Agora, a OCDE vê que a economia brasileira crescerá 0,3 por cento, ante 1,8 por cento que enxergava em maio. Para 2015, a expectativa é de expansão de 1,4 por cento, contra 2,2 por cento anteriormente.
"O Brasil caiu em recessão no primeiro semestre. O investimento tem sido particularmente fraco, minado pelas incertezas sobre a direção da política após as eleições e a necessidade de que a política monetária controle a inflação acima da meta", informou a OCDE no relatório.
"Uma recuperação moderada pode ser esperada conforme esses fatores se desenrolam, mas a projeção é que o crescimento permaneça abaixo do potencial em 2015", completou.
O Brasil entrou em recessão no primeiro semestre com forte retração nos investimentos e na indústria e a Copa do Mundo prejudicando a atividade econômica.
A OCDE também pediu estímulo muito mais agressivo do Banco Central Europeu (BCE) para conter o risco de deflação na zona do euro, ampliando a crescente pressão sobre a autoridade monetária para impulsionar o crescimento antes da reunião de ministros das Finanças e membros de bancos centrais do G20 nesta semana na Austrália.
A organização estimou expansão na zona do euro de apenas 0,8 por cento neste ano, subindo para 1,1 por cento em 2015. Isso marca forte redução em relação ao seu Cenário Econômico de maio para a região, quando projetou crescimento de 1,2 por cento em 2014 e de 1,7 por cento em 2015.
Em comparação, a OCDE vê a economia dos Estados Unidos crescendo 2,1 por cento neste ano e acelerando para 3,1 por cento em 2015. Em maio, a OCDE projetou expansão nos EUA de 2,6 por cento em 2014 e 3,5 por cento em 2015.
OS EUA devem pressionar os países europeus na reunião do G20 para acelerar medidas para aumentar a demanda e o crescimento econômico frente ao risco de deflação, de acordo com uma autoridade do Tesouro norte-americano na sexta-feira.
"QUANTITATIVE EASING"?
A OCDE informou que embora a inflação da zona do euro --que atingiu a mínima de cinco anos em agosto, de 0,4 por cento-- deve fortalecer conforme a demanda se recupera, níveis baixos perto de zero levantam o risco de deflação.
"Dado o cenário de baixo crescimento e o risco de que a demanda pode ser mais afetada, ou mesmo se tornar negativa, a OCDE recomenda mais suporte monetário para a zona do euro", disse a organização em comunicado que acompanha suas projeções.
"Ações recentes do BCE são bem-vindas, mas mais medidas, incluindo quantitative easing, são justificadas", completou.
Recentemente o BCE anunciou uma série de medidas num esforço para encorajar o empréstimo a empresas que precisam de crédito, mas até agora evitou o "quantitative easing" adotado pelos EUA e Japão, que consiste de enorme compra de títulos governamentais e de outros tipos para reduzir o custo de empréstimo.