Daniela Brik.
Jerusalém, 13 mar (EFE).- Uma popular rede de supermercados
israelense decidiu se promover com um anúncio televisivo em que
atores simulam ser os agentes do Mossad (o serviço secreto de Israel
no exterior) que supostamente mataram o líder do Hamas Mahmoud
al-Mabhuh, cujo corpo foi achado no quarto de um hotel de Dubai em
19 de janeiro.
O filme publicitário foi rodado esta semana, para a rede Majsanei
Kimat Jinam (Supermercados Quase de Graça). Nele, vários atores
aparecem com roupas parecidas com as usadas pelas pessoas que
participaram do assassinato de Mabhuh.
Na pesquisa de figurino, foram usadas as imagens captadas pelas
câmeras do hotel em que o líder palestino morreu.
Além de uma mulher com peruca, óculos escuros e chapéu de abas
enormes, participam do anúncio do supermercado um homem que usa uma
raquete de tênis, chinelos e blusa polo, e outro com jaqueta preta e
aparência estranha.
Todos eles passeiam pelos corredores de uma das lojas da rede
colocando produtos no carrinho da compra.
A paródia, que começará a ser veiculada a partir de
segunda-feira, também busca inspiração estética nas imagens
mostradas pelas autoridades de Dubai. Ou seja, câmeras de vigilância
acompanham os atores durante o comercial.
"A linguagem cinematográfica do anúncio é muito original. É
possível ver os atores entrando no supermercado, observando os
preços, pegando produtos e aparecendo 'congelados' nas imagens",
explicou à Agência Efe Safi Shaked, diretor do anúncio.
Os slogans do filme publicitário também fazem referência ao
assassinato de Mabuhl. São eles: "Eliminamos os preços" e
"Oferecemos preços de matar".
Como se não bastasse, a fala de uma das atrizes, que diz que "não
pode reconhecer nada", faz referência direta à política israelense
de não confirmar nem desmentir as ações do seu serviço secreto,
apontado pelas autoridades de Dubai como responsável da morte do
líder palestino.
Mabhuh, fundador do braço armado do Hamas, foi achado sem vida em
um quarto do hotel Al Bustan Rotana. Segundo a Polícia,
aparentemente ele foi drogado e asfixiado.
O presidente da rede de supermercados Majsanei Kimat Jinam, Rani
Zim, disse que, inicialmente, teve dúvidas em usar o crime como
fonte de inspiração para o comercial. Mas, depois que leu o roteiro,
concluiu que todo mundo que assistir ao comercial entenderá que o
filme não passa de uma piada.
"Queríamos causar uma grande sensação com esta campanha, que ela
desse o que falar", destacou Shaked, que terminará o filme
publicitário a tempo da temporada de promoções para a Páscoa
judaica.
O anúncio para o supermercado, explicou o diretor, foi o trabalho
mais barato que realizou em 15 anos de trabalho no ramo. Porém, foi
"o melhor" em termos de divulgação. "Ainda não o editei e todo mundo
já fala dele", frisou.
O profissional acha que o anúncio não causará reação maior que a
paródia já feita por um programa noturno da TV israelense sobre o
assassinato em Dubai. Ele destacou ainda que o comercial será
dirigido exclusivamente ao público israelense.
Além disso, segundo Shake, o povo israelense, em geral, "está
bastante orgulhoso da operação" que matou o líder palestino.
"Mabhuh era nosso Osama bin Laden. No começo dos anos 1990, todo
mundo aqui prendia a respiração quando ele era procurado pelo
sequestro de dois soldados. Não há sentimentos sobre de Mabhuh entre
os israelenses", concluiu. EFE