Arantxa Iñiguez.
Frankfurt (Alemanha), 1 jul (EFE).- Os bancos comerciais da zona
do euro devolveram hoje ao Banco Central Europeu (BCE) 442,240
bilhões de euros em um momento em que alguns deles ainda têm
problemas de liquidez, apesar da situação geral ter melhorado com
relação há um ano.
O BCE emprestou esta quantidade recorde a 1.121 bancos para uma
única operação no dia 24 de junho do ano passado, a primeira
operação de refinanciamento com um ano de vencimento (371 dias), que
aconteceu em condições muito favoráveis a um interesse fixo de 1%.
Com esta medida extraordinária o BCE quis facilitar que o
concedimento de créditos a longo prazo e, deste modo, apoiar a
reativação da economia dos países do euro, que atravessou a pior
recessão desde a Segunda Guerra Mundial.
Para evitar problemas de liquidez pela devolução do efetivo, o
BCE conduziu hoje uma operação de refinanciamento com seis dias de
vencimento e outra ontem com três meses de vencimento.
O presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, se disse confiante de
que está garantida a liquidez no sistema do euro apesar do
vencimento do leilão a 12 meses.
O BCE emprestou hoje 111,237 bilhões de euros a 1 % durante seis
dias, uma quantia que superou as expectativas dos mercados e que
surpreendeu, já que ontem os bancos tinham solicitado menos dinheiro
do que o previsto em uma operação a três meses e isso fez pensar que
confiavam em poder conseguir liquidez no mercado de dinheiro.
Na operação de refinanciamento a seis dias de hoje participaram
78 bancos da zona do euro aos que foi emprestada toda liquidez que
solicitaram.
O BCE emprestou ontem 131.933,19 milhões de euros a 91 dias e
também a 1% a 171 entidades bancárias.
O analista do Commerzbank, Michael Schubert, disse à Agência Efe
que "o resultado do leilão a seis dias não foi muito mau, mas indica
que não se pode parar de soar o alarme".
Ainda há bancos na zona do euro que precisam de liquidez, mas não
se sabe quais e é difícil saber se são relevantes para o sistema
financeiro da área, segundo Schubert.
Acrescentou que os teste de resistência ("estresse teste")
permitiria constatar os problemas de origem que os bancos têm e
solucioná-los já que as injeções de liquidez são só uma solução
temporária.
A elevada demanda na operação de refinanciamento a seis dias
quase não teve repercussão na cotação do euro frente ao dólar, disse
Schubert.
A retirada dos 442,240 bilhões de euros foi percebida em uma alta
da taxas de juros intradiario (Eonia) no mercado interbancário.
O Eonia ficou ontem nos 0,542%, contra os 0,325% do dia anterior
e o Euribor a três meses subiu hoje até os 0,782%, em comparação com
os 0,767% do dia anterior.
O analista do UniCredit, Luca Cazzulani considera que os bancos
que pediram liquidez a três meses preveem que a situação não vai
melhorar nesse período de tempo e que terão dificuldades para se
financiar no mercado interbancário.
Os bancos comerciais que solicitaram liquidez hoje a seis dias
terão, possivelmente, problemas a curto prazo.
Desde a quebra de Lehman Brothers, o BCE emprestou aos bancos
todo o efetivo que necessitaram em operações ordinárias e
adicionais. Também decidiu lhes emprestar, em 2009, dinheiro durante
um ano, mas isto não vai ser feito com eles.
Em abril o BCE voltou aos leilões de tipo variável nas operações
de injeção de liquidez a longo prazo, após uma estabilização da
situação nos mercados de dinheiro.
No entanto, a reaparição de tensões levaram o BCE a reintroduzir
em maio as medidas extraordinárias aplicadas na crise e voltar a
emprestar aos bancos tudo o que pedirem. EFE