São Paulo, 16 ago (EFE).- O ministro da Justiça, Luiz Paulo
Barreto, criticou hoje as políticas para estrangeiros aprovadas
recentemente pelos Estados Unidos e alguns países europeus e pediu
uma legislação migratória mais "transparente" que "respeite os
direitos humanos".
Em entrevista coletiva para correspondentes estrangeiros, o
ministro disse que "o Brasil não se sente feliz" com a aprovação de
medidas restritivas que regulem a entrada e permanência de
estrangeiros nos países ocidentais.
Segundo Barreto, os fluxos migratórios "dependem de causas
econômicas" e se baseiam na busca de "oportunidades".
O ministro questionou por que em um mundo globalizado há
circulação de bens e não de pessoas.
Barreto defendeu que o endurecimento das leis contribui para a
aparição de máfias.
Além disso, disse que a ONU pediu o fim da "hipocrisia" nas leis
sobre estrangeiros e afirmou que, em operações contra quadrilhas
dedicadas ao tráfico de pessoas, muitas vezes os imigrantes são
detidos, mas as máfias não são desarticuladas.
Segundo o ministro, o Brasil pede a aprovação de "leis mais
claras" com mais transparência.
"Agora, temos que começar dando exemplo em nossa casa", disse
Barreto, que advogou pelo uso de processos administrativos ou civis
para os imigrantes e descartou a aplicação do código penal para os
cidadãos de outras nacionalidades que não tenham cometido algum
delito.
No mês passado, entrou em vigor parcialmente uma polêmica lei
migratória no estado americano do Arizona que foi amplamente
criticada por organizações de direitos humanos e vários Governos da
América Latina por, na prática, criminalizar a imigração ilegal.
Calcula-se que 12 milhões de imigrantes ilegais vivam nos Estados
Unidos. Entre 400 mil e 530 mil deles estariam no Arizona. EFE.