Buenos Aires, 1 mar (EFE).- O Banco Central da Argentina destinou
hoje US$ 6,569 bilhões provenientes de reservas monetárias para
pagar dívidas soberanas, confirmaram à Agência Efe fontes oficiais.
A direção da entidade foi notificada dos decretos assinados hoje
pela presidente argentina, Cristina Fernández de Kirchner, que
ordenaram o giro dos fundos e a criação de duas contas do Tesouro
argentino dentro do Banco Central.
"Em seguida, os fundos foram transferidos", indicaram a Efe
porta-vozes do Banco Central argentino.
Do total, US$ 2,187 bilhões serão destinados a cancelar passivos
com organismos multilaterais de crédito e US$ 4,382 bilhões serão
usados para pagar dívidas com credores privados.
A operação se concretizou horas depois de Cristina abolir um
decreto assinado em dezembro passado que criava o Fundo do
Bicentenário, com US$ 6,569 bilhões de reservas monetárias para o
pagamento de dívidas soberanas.
A presidente argentina aboliu o decreto depois que a Justiça
ratificou a inabilitação do uso de reservas e que a oposição se
dispôs a fazer valer sua maioria na próxima quarta-feira na Câmara
dos Deputados para vetar a validade do decreto.
No entanto, ao mesmo tempo em que derrogou o decreto, Cristina
anunciou outro, dispondo o pagamento a organismos multilaterais com
as reservas, e um segundo decreto que ordena a destinação de US$
4,382 bilhões do Banco Central para cancelar passivos com credores
privados.
O primeiro decreto é de caráter simples, ou seja, sua validade
não precisa ser revista pelo Parlamento. O segundo, ao ser de
necessidade e urgência, deve ser analisado pelo Congresso. Porém,
para o Executivo, tem vigência legal a partir do momento de sua
assinatura.
Os dois decretos foram criticados hoje pela oposição, que
reivindicou que os assuntos relacionados à dívida externa do país
sejam debatidos no Parlamento.
A deputada Elisa Carrió, líder da Coalizão Cívica, antecipou que
a oposição convocou para a próxima quinta-feira uma sessão especial
no Parlamento para anular os decretos. EFE