Por Isabel Versiani
BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central elevou a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual para 2,75% nesta quarta-feira, no primeiro aperto monetário em quase seis anos, que veio acima do esperado pelo mercado.
Em comunicado divulgado ao fim da sua reunião, o Comitê de Política Monetária afirmou que "uma estratégia de ajuste mais célere do grau de estímulo tem como benefício reduzir a probabilidade de não cumprimento da meta para a inflação deste ano, assim como manter a ancoragem das expectativas para horizontes mais longos".
"Além disso, o amplo conjunto de informações disponíveis para o Copom sugere que essa estratégia é compatível com o cumprimento da meta em 2022, mesmo em um cenário de aumento temporário do isolamento social."
A alta da Selic anunciada nesta quarta-feira superou a expectativa do mercado, que apontava para um aperto de 0,50 pontos-base, segundo 29 de 30 especialistas consultados em pesquisa Reuters.
A alta dos juros ocorre em meio à escalada da inflação --que em 12 meses já está próxima do teto da meta para o ano de 5,25%--, à fraca atividade e à desvalorização contínua do câmbio, em um cenário de forte recrudescimento da pandemia da Covid-19 no país.
O Copom havia elevado os juros pela última vez no final de julho de 2015, quando a Selic passou de 13,75% para 14,25%. Naquele ano, a inflação fechou o ano acima dos 10%, superando o teto da meta do governo (6,5%), enquanto o PIB encolheu 3,55%, cenário que economistas caracterizavam como de "estagflação".