Alfonso Fernández.
Montevidéu, 18 mar (EFE).- A América Latina prevê registrar um ritmo de crescimento sólido de 3,6% para 2012, fruto do melhor manejo das políticas macroeconômicas durante a crise, por isso o desafio agora é avançar na competitividade da região, explicaram neste domingo funcionários do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Banco Mundial (BM).
Tanto o vice-presidente de Conhecimento do BID, Santiago Levy, quanto o vice-presidente para a América Latina e o Caribe do BM, Hassan Tuluy, concordaram sobre o bom comportamento da região em um difícil e volátil contexto econômico internacional.
Ao apresentar o relatório anual do BID sobre a região, Levy avaliou o "excelente desempenho" das economias latino-americanas durante 2011 e se mostrou "otimista" para este ano.
Já Tuluy afirmou em um encontro com a imprensa que "a última década foi muito boa para a América Latina em geral" e pediu aos países da região que "assumam um papel cada vez mais importante em definir e desenhar a agenda internacional em matéria de desenvolvimento global".
"O principal desafio, que é como uma cruzada, é a batalha da produtividade", explicou Tuluy, que visitava pela primeira vez a região como vice-presidente do BM, em um encontro dentro da 53ª Assembleia Anual do BID.
Como possíveis freios ao desenvolvimento latino-americano, Levy identificou a desaceleração da economia chinesa, grande comprador de exportações da região, e um aprofundamento da crise europeia, que pudesse se estender através da grande interconexão financeira atual.
No entanto, nos dois casos ele afirmou que as autoridades da América Latina mostraram um manejo "adequado" das políticas macroeconômicas que se reflete em um nível de inflação média regional de 6%, abaixo dos frequentes temores de superaquecimento na região.
As instituições consideram que o crescimento regional de 2012 será entre 3,6% e 3,7%, enquanto para 2013 poderia ser maior, entre 4% e 4,3%.
Levy se mostrou especialmente satisfeito de não ter vivido uma onda de protecionismo geral como consequência da crise.
"Havia muita preocupação por causa de um contexto de recessão econômica que não tinha sido vivido desde a Grande Depressão e que produziu um retorno das medidas protecionistas", disse aos jornalistas.
O representante do BID respondeu dessa forma às perguntas sobre colocar em prática algumas medidas comerciais de caráter protecionista na região nos últimos meses, principalmente pelo Brasil e a Argentina, e que desprezou como "pontuais" por causa da complicada situação internacional.
"Retornar a essas medidas seria contraproducente para todo o mundo", acrescentou.
Por sua parte, Tuluy esclareceu que "infelizmente o protecionismo não é um fenômeno somente da região" e responde a "medidas de curto prazo em momentos de incerteza global".
Para Levy, uma possível explicação da ausência desta temida grande onda de medidas protecionistas na região vem porque agora as autoridades "são conscientes da possibilidade e efetividade do emprego de políticas de prudência em nível macro, por isso que não tiveram que recorrer a elas".
Durante a reunião do BID deste fim de semana no Uruguai aconteceram reuniões entre líderes econômicos e empresariais nas quais destacaram a importância da integração e do comércio na região.
Além disso, o fórum, que reúne no Uruguai grande parte dos principais líderes econômicos da região, insistiu na importância de que a América Latina aproveite o vento a favor para avançar nas reformas necessárias para melhorar em matéria de competitividade e produtividade.
Na segunda-feira o presidente do BID, Luis Alberto Moreno, anunciará na sessão plenária aos governadores a criação de um fundo regional de contingência contra a crise e desastres naturais que permitirá dispor de recursos do organismo multilateral de maneira flexível e rápida. EFE