Arantxa Iñiguez.
Frankfurt (Alemanha), 12 ago (EFE).- As bolsas europeias subiram nesta sexta-feira pelo segundo dia consecutivo em um nível médio de 4%, após as autoridades reguladoras de Espanha, França, Itália e Bélgica proibirem a venda de ações a descoberto para impedir a especulação em baixa.
No fechamento dos mercados financeiros, Madri ganhou 4,8%, Milão e Paris subiram 4%, Frankfurt avançou 3,45% e Londres aumentou 3%. Já o indicador Euro-Stoxx 50, que agrupa as maiores empresas da zona do euro, fechou em alta de 4,2%.
Com este efeito rebote de alta, o maior da renda variável desde maio de 2010, e o desta quinta-feira, os mercados de valores europeus reduziram notavelmente as perdas da primeira metade da semana.
Após 11 jornadas consecutivas de perda, fortes vaivens e vendas pelo pânico até quarta-feira, a situação se distendeu nos mercados de valores após a proibição de algumas operações especulativas.
Além disso, algumas ações têm agora um valor muito atrativo para os investidores. A jornada da bolsa começou com perdas devido à fraqueza dos números de crescimento da França e à forte recessão da Grécia, mas logo a tendência dos investidores foi de compras.
O Produto Interno Bruto (PIB) da segunda maior economia da zona do euro se estagnou entre abril e junho e o da Grécia se contraiu 6,9% no segundo trimestre, em relação ao mesmo período do ano passado.
Neste ano, as principais bolsas europeias acumulam baixas significativas: Paris (-15,5%), Frankfurt (-13,3%), Londres (-9,8%) e Madri (-12,3%).
A proibição de vendas de títulos a curto prazo - como vendas a descoberto - sobre ações do setor financeiro na Espanha, França, Itália e Bélgica foi questionada no mercado, já que, no passado, mostrou que não muda muito a panorâmica, mas sim consegue frear a tendência de baixa.
Uma venda a descoberto é uma operação especulativa que consiste em vender a curto prazo ativos que não se possui, com a expectativa de poder comprá-los em um momento mais próximo a um preço inferior.
Em algumas ações a curto prazo, primeiro se vendem ações emprestadas e se devolvem depois, após comprá-las a um preço mais baixo: a diferença entre o ganho da venda e o preço de compra é o lucro.
A proibição fez com que muitos operadores se apressassem nesta sexta-feira a neutralizar as vendas a descoberto e a comprar ações de títulos que tinham vendido anteriormente, explicou à Agência Efe a analista de ações Petra Gräfin von Kerssenbrock, do banco alemão Commerzbank.
Os mercados veem na proibição um golpe de efeito político, já que, na prática, existem instrumentos financeiros suficientes para especular com os futuros e as opções.
Os dados econômicos da maior economia do mundo decepcionaram e não apresentaram impulsos à renda variável europeia.
A confiança do consumidor nos Estados Unidos caiu em agosto para 54,9 pontos, um nível mais baixo que em 2008, devido à disputa sobre a ampliação do endividamento máximo e o rebaixamento da nota da dívida soberana.
As vendas do setor no varejo americano aumentaram 0,5% em julho, porque os consumidores gastaram mais em veículos, gasolina, roupas e aparelhos eletrônicos.
As autoridades estudam agora também ampliar a proibição à União Europeia (UE), onde alguns países como a Alemanha já as proibiram temporariamente em 2008.
Alguns operadores e analistas das bolsas de valores advertiram em Frankfurt que esta proibição ataca o sintoma, mas não a origem do problema, que é o elevado endividamento da Europa, o temor a um enfraquecimento da conjuntura global e a volta à recessão, já que os planos de austeridade não vão incentivar o crescimento.
Em um ambiente de incerteza econômica e forte endividamento nos dois lados do Atlântico, os mercados consideram que os Governos europeus reagiram tarde e sem clareza.
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, receberá na próxima terça-feira a chanceler alemã, Angela Merkel, para discutir sobre uma possível reforma da zona do euro. EFE