Arantxa Iñiguez.
Frankfurt (Alemanha), 31 ago (EFE).- A tendência de alta prevaleceu nesta quarta-feira, pelo terceiro dia consecutivo, nos mercados financeiros da Europa, em alguns casos com altas superiores a 3%, após a divulgação de bons dados econômicos nos Estados Unidos, no último pregão de um mês em que foram registradas as maiores quedas desde 2008 pelo temor à recessão.
Assim, o otimismo predominou em Madri (+3,24%), Milão (+3%), Paris (+3%), Frankfurt (+2,5%) e Londres (+2,4%). Já a bolsa de Atenas tomou distância da tendência de alta geral, com perdas de 5,1%, e acumula uma queda anual de 41,8%.
Frankfurt teve lucros reduzidos nos últimos compassos da negociação diante da forte baixa das ações da companhia de telecomunicações Deutsche Telekom, depois de as autoridades americanas bloquearem a venda de sua divisão de celulares nos Estados Unidos à operadora AT&T, ao considerar que a fusão reduziria a concorrência e elevaria os preços.
A Deutsche Telekom registrou baixa de 7,6% no fechamento em Frankfurt e suas ações terminaram cotadas a 8,80 euros.
Wall Street também freou os sólidos avanços do início da jornada devido ao bloqueio a venda da T-Mobile EUA para a AT&T.
O Dow Jones Industrial, o principal indicador de Wall Street, subia 0,65% no meio do pregão.
No entanto, outros dados econômicos divulgados nos Estados Unidos apresentaram um panorama menos pessimista e impulsionaram as compras.
O setor privado americano criou 91 mil postos de trabalho em agosto, um número que indica uma modesta criação de empregos neste país e que o relatório oficial da próxima sexta-feira não será negativo.
Além disso, o índice de gerentes de compras do setor manufatureiro de Chicago caiu em agosto ao nível de 56,5 pontos, menos do que temiam os analistas, e ainda recolhe um crescimento da indústria.
O número de encomendas às fábricas dos EUA cresceram 2,4% em julho, impulsionado sobretudo pelo aumento de 9,8% nas solicitações de motores para veículos.
Além disso, as atas da última reunião do Federal Reserve (Fed, banco central americano) mostram que alguns de seus membros são a favor de aplicar novas medidas de estímulo monetário para apoiar o fraco crescimento econômico dos EUA.
Em Tóquio, o índice Nikkei fecha agosto aos 8.955,20 pontos, após um mês de baixa de 8,93%, mas nesta quarta-feira conseguiu ficar no terreno positivo pelo quinto dia consecutivo. Já o mercado de Hong Kong acumula perdas de 8,49% neste mês.
Em Frankfurt, o DAX 30 termina agosto com perdas mensais de 19%, já que este indicador seletivo inclui o maior número de empresas industriais e outros títulos cíclicos sensíveis à conjuntura, além de ser o índice mais líquido da Europa.
Enquanto isso, o Ibex 35 de Madri registra perdas em agosto a 9,47% e o FTSE 100 de Londres também cai 9% mensal.
O Euro Stoxx 50, que agrupa as maiores companhias da zona do euro, acumula queda de 17% em agosto.
O temor de que as economias avançadas entrem novamente em recessão e que as emergentes se enfraqueçam fez com que os mercados de valores internacionais despencassem neste mês.
Os investidores percebem que o elevado endividamento dos EUA e da zona do euro obriga a aplicação de programas de austeridade que, consequentemente, desaceleram o crescimento, num momento em que os bancos centrais têm pouca margem de manobra, pois já reduziram as taxas de juros praticamente a zero e injetaram quantias imensas de liquidez.
As dúvidas sobre a solidez do resgate à Grécia diante das reservas de alguns países como Alemanha fizeram os mercados temerem um contágio a outros países, como Espanha e Itália, e disparou as taxas de risco destes - relativas ao Bund alemão - para níveis acima dos 400 pontos básicos.
A rentabilidade da dívida soberana a dez anos da Espanha e Itália chegou a superar 6%, mas a intervenção do Banco Central Europeu (BCE) com a compra de títulos da dívida no mercado secundário conseguiu frear os movimentos especulativos e a queda dos juros a 5%.
Também se viram movimentos especulativos nos mercados de ações, onde alguns dos principais índices das bolsas de valores europeus chegaram a registrar quedas de 7%.
Por isso, na Espanha, França, Itália e Bélgica, foram proibidas as posições curtas sobre os títulos financeiros.
A situação lembrou os momentos vividos após a falência do banco de investimento americano Lehman Brothers em setembro de 2008, mas existem grandes diferenças, já que agora há muita liquidez nos mercados devido ao bombeamento dos bancos centrais. EFE