Macarena Vidal.
Washington, 7 jun (EFE).- A companhia British Petroleum (BP)
bombeia 1,75 milhão de litros diários de petróleo do poço acidentado
no Golfo do México, disse hoje a Casa Branca, ao advertir que os
efeitos do derramamento serão sentidos "durante anos".
Em entrevista coletiva na Casa Branca, o almirante do serviço de
guarda costeira Thad Allen, encarregado da coordenação nas tarefas
de luta contra o vazamento, declarou que as tarefas de contenção do
petróleo progridem "bem", mas destacou que ainda haverá maré negra
durante semanas e meses.
Segundo Allen, até o momento, se desconhece com exatidão quanto
do petróleo bombeado será possível recuperar.
A BP trabalha agora para tentar aumentar o volume de petróleo
bombeado da espécie de funil instalado na semana passada sobre o
poço para um navio petroleiro na superfície, explicou Allen.
Na atualidade, o cálculo é que a companhia consegue bombear 11
mil barris por dia, ou 1,75 milhões de litros de petróleo.
A empresa pretende agora enviar um petroleiro maior e aumentar o
volume recolhido para 20 mil barris diários (3,18 milhões de
litros).
No longo prazo, acrescentou o almirante, a BP buscará contar com
petroleiros de maior capacidade para bombear o petróleo e erguer uma
conexão mais permanente entre o funil que cobre o poço e os navios
que armazenam o petróleo na superfície, de modo a poder desconectar
com facilidade e resistir à temporada de furacões no Oceano
Atlântico que acaba de começar.
Atualmente, no caso de um furacão, talvez seja preciso suspender
as operações de bombeamento, explicou.
Segundo Allen, parte do problema para combater o vazamento é que
a maré negra "começou a se separar", ou seja, em vez de uma massa
compacta de petróleo, há "centenas de milhares de manchas, cada uma
indo para um lugar".
"Enfrentamos um inimigo que muda constantemente", assegurou o
almirante.
Pouco antes de Allen conceder sua entrevista coletiva, foi
divulgada a informação de que derivados de petróleo já estão sendo
encontrados em pontos do litoral do Texas - na semana passada, o
mesmo aconteceu em praias do norte da Flórida.
A prioridade, disse Allen, é aumentar a capacidade de
recolhimento de petróleo da superfície, algo em que o serviço de
guarda costeira já trabalha.
Como em ocasiões anteriores, o almirante lembrou que o problema
não estará completamente resolvido até princípios de agosto, quando
os dois poços alternativos perfurados pela BP estarão prontos.
Mesmo depois da entrada em funcionamento de um dos poços, haverá
petróleo no mar pelo menos por mais "quatro a seis semanas", sem
levar em conta os derivados que podem chegar à costa, disse Allen.
O efeito do petróleo no ecossistema da zona, no entanto, terá uma
duração muito maior, advertiu.
"Tomar conta da poluição do petróleo na superfície marinha levará
meses, mas, uma vez recolhido, estará resolvido. Recuperar o
ecossistema, o habitat da vida selvagem, levará anos", explicou o
almirante.
Allen se reuniu hoje com o presidente dos Estados Unidos, Barack
Obama, a quem falou sobre a situação do vazamento.
Segundo Allen, até o momento, o petróleo chegou a 32 quilômetros
lineares de costa, mas ao levar em conta a distância atingida pelo
petróleo em alguns pontos, especialmente nas restingas do estado da
Louisiana, a superfície afetada é muito maior.
O vazamento começou depois da explosão, em 20 de abril, da
plataforma "Deepwater Horizon", em acidente que deixou 11 mortos.
Dois dias depois, a plataforma afundou. EFE