Teresa Bouza.
Washington, 10 mai (EFE).- A empresa British Petroleum (BP)
retomou hoje a injeção de químicos para dissolver o petróleo que
flui nas águas do Golfo do México, em uma nova tentativa de conter
os danos do vazamento.
Os produtos, que fracionam o petróleo em pequenas partículas que
as bactérias marinhas destroem posteriormente, são aplicados
diretamente sobre o principal vazamento de petróleo através de um
robô operado a controle remoto.
Além disso, o diretor-geral de operações da companhia, Doug
Suttles, disse em entrevista coletiva que a BP planeja instalar esta
semana uma nova caixa de contenção sobre a principal fonte do
vazamento após o fracasso da tentativa anterior.
A companhia petrolífera, operadora da plataforma que afundou no
dia 22 de abril no Golfo do México, reconheceu no sábado que a
estrutura de 100 toneladas com a qual buscava colher o petróleo
tinha fracassado devido à formação de cristais de gás no seu
interior.
Suttles disse que a nova caixa se ajustará melhor sobre o
vazamento o que em princípio dificultaria a entrada da água gelada
do fundo do mar, evitando assim a formação de cristais.
A BP planeja, além disso, injetar metanol e água quente no
interior da nova caixa, o que em teoria serviria também para impedir
a formação de cristais que tapem a saída do petróleo, que seria
bombeado para um navio na superfície.
Entre as opções para conter o vazamento também está bloquear o
poço com uma injeção de plástico e outros materiais, assim como
instalar uma nova válvula de selamento, já que a original não foi
ativada como deveria quando a explosão aconteceu.
A incapacidade do multinacional em deter a saída de petróleo fez
com que legisladores e ecologistas questionem seus planos de
emergência.
Ano passado a companhia disse aos reguladores que caso houvesse
um vazamento o petróleo chegaria só a uma pequena parte do litoral
do estado da Louisiana. Mas a Guarda Litorânea confirmou este fim de
semana que foram encontradas bolas de alcatrão no Alabama, muito
longe do previsto nos cenários hipotéticos desenhados pela BP.
Além disso, o multinacional indicou em meados de 2009 que tinha
químicos dissolventes suficientes, barreiras flutuantes e
equipamento para eliminar o óleo da superfície da água caso
acontecesse um derrame.
O secretário do Interior dos Estados Unidos, Ken Salazar,
advertiu, em declarações repercutidas hoje pelo "The Wall Street
Journal", que suas "observações preliminares" o levam a concluir que
a BP e seus sócios cometeram "vários grandes erros" antes e depois
do desastre.
A BP diz que enfrenta uma situação sem precedentes e que o
sistema de selamento, usado em casos de emergência, nunca tinha
falhado.
Espera-se que os planos da empresa para lidar com a situação
sejam objeto amanhã de uma apuração detalhada em uma audiência no
Comitê de Energia e Recursos Naturais do Senado.
Entre os presentes estarão Lamar McKay, presidente da filial
americano da BP, assim como Steven Newman, presidente da Transocean,
proprietária da plataforma operada pela BP que explodiu no dia 20 de
abril e afundou dois dias depois.
A empresa cifrou hoje o custo das tarefas de limpeza no Golfo do
México em US$ 350 milhões. EFE