São Paulo, 15 ago (EFE).- A integração e o aumento do comércio
bilateral foram os temas que dominaram hoje o discurso do presidente
do México, Felipe Calderón, no primeiro de seus três dias de visita
oficial ao Brasil.
"Como país que dá prioridade à transformação em sua economia, nos
interessa muito conhecer e analisar a experiência brasileira. México
e Brasil querem ser aliados, para edificarem uma arquitetura de paz,
segurança e bem-estar partilhado", comentou, no encerramento de um
seminário empresarial bilateral.
Calderón, que anteriormente foi à Colômbia e ao Uruguai, iniciou
em São Paulo uma viagem de três dias, na qual a integração, o
comércio e a cooperação tecnológica ocuparão a maior parte de sua
agenda.
O presidente mexicano chegou hoje ao Brasil, à frente de uma
comitiva da qual também fazem parte seus ministros das Relações
Exteriores, Patricia Espinosa; de Energia, Georgina Kessel, e de
Economia, Gerardo Ruiz Mateos.
Para o governante, países como o México, Brasil, Chile e Colômbia
devem sobressair entre as economias emergentes que dão "sinais de
recuperação", depois do agravamento da crise global.
"A oportunidade de crescimento para o Brasil tem a ver com o
México e vice-versa, mas não como uma soma aritmética e sim como uma
potencialização", destacou Calderón, que enfatizou os "privilégios
geográficos" e os quase 50 acordos comerciais oferecidos pelo México
na intenção de abertura a outros mercados.
Nesse sentido, lembrou que, apesar da crise, o investimento em
infraestrutura em seu país passou de 3% para 5% do Produto Interno
Bruto (PIB) mexicano e a tarifa alfandegária média para as
importações caiu de 13% para 8%, em um processo que se espera chegar
aos 4%.
No primeiro de seus compromissos, Calderón acolheu a proposta
apresentada por empresários brasileiros para a adoção de um acordo
de livre-comércio bilateral.
"Recebo com muito interesse a proposta dos empresários
brasileiros. Precisamos ser superiores aos medos e preconceitos e,
por isso, me ofereço para planejá-la a empresários e setores
econômicos, políticos e sociais do meu país", disse.
"Vamos pelo caminho correto, porque, se nos unirmos, o ganho é
líquido, pois implica uma multiplicação de consumidores de 300
milhões de pessoas. Queremos ser a plataforma pioneira do comércio
global, mas ao lado do Brasil e com uma participação decidida e sem
hesitação", acrescentou.
Em 2008, segundo números oficiais brasileiros, o comércio
bilateral alcançou os US$ 7,4 bilhões, com um superávit do Brasil de
US$ 1,156 bilhão, enquanto os investimentos mexicanos no Brasil
chegaram a um total de US$ 16 bilhões e os brasileiros no México aos
US$ 2 bilhões.
"O importante não é quem tem o saldo positivo da balança, mas o
tamanho da balança. É uma questão de crescimento e emprego e não de
superávit ou déficit de balanças. O comércio não danifica ninguém
quando é livre", assegurou.
Depois do encontro empresarial promovido pela Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o líder mexicano se
reuniu com o governador do estado de São Paulo, José Serra, e com
empresários brasileiros do setor de biocombustíveis.
Serra deu uma camisa do Palmeiras a Calderón, time do qual é
torcedor, e ganhou uma da seleção mexicana com seu nome.
Os empresários brasileiros do setor de biocombustíveis, por sua
parte, propuseram às autoridades mexicanas renovar a frota de
automóveis com veículos brasileiros "flex de combustível derivado do
petróleo" e assim adiantar-se a uma eventual renovação da matriz
energética.
Amanhã, Calderón e sua comitiva estarão no Rio de Janeiro, no
escritório de pesquisas de biocombustíveis da Petrobras e na
segunda-feira, em Brasília, o líder de Estado mexicano será recebido
pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. EFE