Havana, 9 mar (EFE).- Uma carta dirigida ao presidente do Brasil,
Luiz Inácio Lula da Silva, escrita por um novo grupo dissidente
cubano que pede sua intercessão pelos presos políticos da ilha não
foi aceita pela embaixada brasileira em Havana pela falta de um
remetente, disse hoje à Agência Efe um dos autores.
Segundo o opositor Manuel Cuesta Morua, a carta foi elaborada
pelo "Comitê Pró-Liberdade dos Prisioneiros Políticos Cubanos
Orlando Zapata Tamayo", criado na semana passada em homenagem ao
pedreiro que morreu em consequência de uma greve de fome de quase
três meses na prisão.
Morua acrescentou que esse novo grupo quer "antecipar ações
urgentes" sobre presos políticos e também pede ajuda internacional
diante da greve de fome e sede que realizam há 14 dias o jornalista
e psicólogo dissidente Guillermo Fariñas.
Segundo Morua, o grupo já tem mais de uma centena de membros na
ilha. Mas, os autores da carta, estavam em menor número.
O opositor disse à Agência Efe que a carta foi entregue hoje na
delegação do Brasil em Havana. Depois se soube que o embaixador
desse país, Bernardo Pericás, não enviará a mesma a Lula até que o
documento contenha todas as assinaturas dos remetentes.
"Na embaixada dizem que sem a assinatura dos autores, não é
possível enviar. A enviamos assim, diante da urgência do caso de
Farinas. Mas entre hoje e amanhã, vamos recolher todas as
assinaturas", explicou.
A carta apela à "credibilidade", à "liderança regional" e à
"privilegiada interlocução (de Lula) com as autoridades de Cuba"
para que interceda no caso de Fariñas, que começou seu protesto para
pedir a liberdade de 26 presos políticos doentes.
"Apelamos a Lula para que interceda para que Fariñas entenda que
a greve de fome não é o melhor meio de protesto e para que peça às
autoridades cubanas a libertação de pelo menos libertem 20
dissidentes cujas condições de saúde são incompatíveis com o regime
carcerário cubano", explicou Morua. EFE